2007/04/11

Ainda Sócrates

Valham-nos os blogs. Apetece-me deixar aqui uma ou duas notas sobre a questão do momento. Faço-o antes de ir para o ar a entrevista do primeiro-ministro, sem saber, naturalmente, como se vai ele sair dela.
Os jornais acusaram o primeiro-ministro de querer comandar a agenda política (whatever that means...) e de querer exercer pressão sobre alguns orgãos de comunicação, pressão que eles repudiaram. Olhando para a expectativa que rodeia esta sua presença na televisão, definida, situada e fixada por ele, nos termos que bem lhe apeteceu, temos de concluir que Sócrates já ganhou. Perante as acusações dos jornais, o primeiro ministro responde deixando a atenção do país (e dos jornais...) inteiramente presa a si. Os jornais saem batidos deste confronto. Hoje, mais do que nunca, é Sócrates que define a agenda dos jornais. Nem é preciso pressionar...
O único verdadeiro receio que toda esta questão poderia suscitar --o único verdadeiramente legítimo, o programa político do governo, a credibilidade deste e a do seu principal responsável para o cumprirem...-- vai ser, em resultado das motivações e da forma como todo este processo foi orientado, dissipado com maestria. Não tenho quaisquer dúvidas. Sócrates não vai à RTP para perder...
Convencidos que hoje vale tudo para vender papel e que se pode brincar impunemente com o fogo, os jornais prestaram-nos mais um mau serviço. Não há um único orgão de informação que saia daqui sem mácula. Mais um feito notável para assinalar na sua folha de serviço. Depois queixam-se da crise da imprensa.
Os problemas do país seguem dentro de momentos...

5 comentários:

Rui Mota disse...

Os orgãos de comunicação social (escritos ou outros) fizeram o seu papel e não me parece que tenham sido eles os causadores da polémica. Quem deixou "inchar" o balão dos boatos, foi o primeiro-ministro, ao refugiar-se num silêncio comprometedor que em nada ajudou a sua imagem. Maus conselhos dos acessores ou carácter de mau perdedor? A verdade é que muitas perguntas e contradições continuam por responder. É culpa dos serviços da Universidade? É culpa dos serviços do Parlamento? Não sei, mas dos jornais, não é certamente. De resto, a questão já era conhecida há dois anos...ou não?

Carlos A. Augusto disse...

Não concordo Rui. A imprensa não é virtuosa e neste caso foi (na minha opinião, claro!) comida. Para mal dos nossos pecados.
Só quem não caiu nas malhas da imprensa (não estou a falar contra este ou aquele exclente jornalista, que os há como é óbvio!) é que pode pensar que tudo isto não trazia água no bico.
E queres prova? Pois foste tu aliás que a deste neste teu cometário.
"De resto, a questão já era conhecida há dois anos...ou não?" Porquê exactamente agora então esta sanha contra o Sócrates se tudo isto era conhecido? E porque é que os jornais (sobretudo o Público, mas depois também o Expresso) nunca citaram a origem da "denúncia"?
Como deixei de acreditar no Pai Natal há que tempos, não acredito que isto não tenha outros desígnios. Infelizmente sei bem como estas coisas se passam...
Para os jornais "Tolerância Zero!"
Para o Sócrates , como infelizmente lhe fizeram o frete de prolongar o seu "estado de graça" --que já estava a entrar em "estado de desgraça" por via natural...--, ele saiu, na minha opinião, reforçado como previ. Aliás basta ver as sondagens.
A leitura política que faço é esta. Mas é, certamente, a minha leitura... :-)

Rui Mota disse...

Estou de acordo que ninguém é inocente nesta história, mas as "justificações" de Sócrates não responderam às questões essenciais. E as questões essenciais são: houve ou não favorecimento na obtenção da "licenciatura" de Sócrates, quando comparada com outros engenheiros que foram obrigados a fazerem mais não sei quantas cadeiras para o mesmo curso? Teve ele, ou não, conhecimento das biografias publicadas pela Assembleia da Répública, sabendo que estas são escritas e aprovadas pelo próprio biografado? Porque é que existem duas versões da mesma biografia? Porque é que a Ordem dos Engenheiros não o reconhece como tal? Porque é que ele nunca mostrou o diploma do MBA (que lhe confere o grau de mestre)? Porque é que há documentos rasurados? Porque é que escolheu a Universidade Independente e não outra? Porquê esta pressa de mandar encerrar a UnI de um dia para o outro? Porquê os telefonemas e as pressões dos assessores, junto das redacções, para que não fossem publicadas as notícias?
Ora, Sócrates não apresentou nenhum argumento que não fosse já conhecido...logo, a opinião pública pode e deve continuar a duvidar. E é aqui que bate o ponto: o importante não é a "licenciatura", mas a credibilidade de quem se faz passar por uma coisa que não é. Um típico exemplo dum transmontano deslumbrado com as luzes da cidade...
Que (alguma) imprensa esteja interessada noutros desenvolvimentos, já nós sabemos. Mas isso não contradiz nada do que eu afirmei. Há que separar as coisas: uma é, determinada imprensa "desejar" a queda do primeiro-ministro, outra é ele ter mentido. Certo?

Carlos A. Augusto disse...

Estará "certo" se os desígnios da tal imprensa também forem investigados e denunciados. Assim, não saímos do mesmo sítio.

Anónimo disse...

Mas qual é o problema se o senhor não fôr licenciado? já chegamos à América com as suas estúpidas investigações tipo Bill Clinton? Se a questão fôr se mentiu ou não: qual é o politico que não mente? não estamos já habituados a isso? a melhor reposta que poderemos vir a obter é que "Bacharel na Independente é Licenciatura" - do tipo: "sexo oral não é sexo"