2009/07/13

À espera da pedrada

Seria de esperar por uma vez que um responsável (precisamente por isso se chama a uma figura destas responsável), autor de uma falta gravíssima, como a que foi cometida pelo dr. Fernando Ruas, admitisse com humildade que exagerou. Que tivesse o bom senso de aceitar que as palavras assim ditas, por um líder de uma comunidade, não podem nunca ser entendidas, para o bem e para o mal, em "sentido figurado". Mas, não! Nem o mínimo sinal de arrependimento evidenciado pelo responsável máximo dos autarcas portugueses. Nem o mais pequeno gesto de desculpa, depois de uma acção que o devia envergonhar e deixar embaraçados os seus apoiantes, que votaram nele certamente com a ideia de ser um homem capaz e um exemplo para a comunidade que lidera. 
Pior ainda: assistimos mesmo a um concerto caciqueiro, com os acólitos, também eles responsáveis, vereadores e presidentes de junta, a sentenciarem a sentença ("uma injustiça" reclamava um em tom trauliteiro; "por isso é que Portugal está como está", reclamava outro!) e a combinarem uma acção de colecta para pagar a multa ao dr. Ruas.
Só faltou mesmo, para completar o simbolismo de tudo isto, fazerem a ronda das sedes dos partidos de esquerda, para as saquearem e incendiarem.
Esperei, por uma vez, uma pedrada em relação a este caso. Mas no charco. Uma demonstração pública de repúdio pelo acto praticado. A assunção pelo próprio de uma falha grave. A denúncia até do seu carácter totalmente cobarde. É que o dr. Ruas, se queria mesmo apedrejar os vigilantes da natureza, devia, como líder, ter partido à frente do pelotão de execução, e não instigar outros a fazê-lo. Devia assumir as suas responsablidades em sentido literal e não em sentido figurado. Atirar mesmo a primeira pedra!!
Se a Associação Nacional dos Municípios Portugueses não se demarcar totalmente do seu líder, agora condenado, ficamos a saber de que raça são feitos os autarcas portugueses...Saúde-se a conclusão da justiça. Uma decisão que indicia coragem em terra de "viriatos" de fancaria.

2 comentários:

Rui Mota disse...

Viriato Ruas, um digno habitante do Cavaquistão...

Carlos A. Augusto disse...

Só falta uma estátua!