2009/12/14

COP15 tem sucesso assegurado


A questão climatérica, que constitui o eixo da discussão que neste momento decorre em Copenhaga, sempre me suscitou muitas dúvidas. Aqui mesmo no Face exprimi há tempos umas ideias (de leigo!) sobre o assunto.
No geral, continuo a fazer parte do grupo dos cépticos, no que estou aliás estou bem acompanhado... Desde que escrevi aquele post não vejo razões para mudar radicalmente o meu pensamento sobre esta matéria. Concedo, apesar de tudo, que a acção humana pode ter alguma influência sobre estes fenómenos, sobretudo quando pensamos nas zonas de grande concentração urbana e de intensa actividade industrial, que certamente têm um impacto significativo no ambiente. Mas, olhando para a história das grandes "convulsões" ambientais do passado, no geral, continuo a pensar que, apesar de tudo e por simples exercício de lógica, que está por provar que a acção humana, por muita importância que tenha, tem dimensão suficiente para produzir as alterações pretendidas.
São opiniões de total leigo, mas mantenho-as.
Se, por um lado, não posso pois esperar grande coisa de Copenhaga, creio também, contudo, que esta reunião tem um mérito indesmentível.
Para aqueles de nós que crescemos empunhando a bandeira da ecologia, a indiferença foi um dos nossos piores inimigos. O outro inimigo, que nós próprios criámos, resultou do erro brutal de termos deixado que esta questão se tranformasse numa espécie de derby futebolístico, com "claques" de um lado e de outro.
O mérito e a vitória (já assegurada!) da COP15 reside no impulso decisivo que é dado ao problema ecológico, colocando-o no centro das nossas atenções ("Prestar atenção é, em si mesmo, ampliar" - Galileo's Dream, K. S. Robinson) e provando que ele é transversal, estruturante e que, de facto, nos diz respeito a todos. E mais! Longe de ser um problema fracturante, a questão ambiental é uma das poucas que, definitivamente, nos obriga a entendimentos e a uma acção concertada sobre o modelo de desenvolvimento humano que queremos para o futuro.
Não é questão de pouca monta...

18 comentários:

Anónimo disse...

Carlos Augusto: a única coisa que eu temo é a peste negra. E, depois de ler a sua magnânima e bushista opinião, apenas lhe desejo uma chuvada de mós de moinho sem buraco, para então entender, de uma vez por todas, aquilo que está em jogo no que respeita ao ambiente.

Rini Luyks disse...

Realmente, este anónimo é um susto, apesar de eu também não estar tão optimista em relação à COPIS e à questões do ambiente em geral.

Carlos A. Augusto disse...

Rini, quais são as razões do seu pessimismo?

Rui Mota disse...

Mais importantes que o "efeito de estufa", entretanto rebaptizado de "alterações climáticas", que é empiricamente verificável, parece-me o aumento da população mundial versus exaustão das energias fósseis que são finitas. Ou seja, como é que uma população que está a crescer exponencialmente e já atinge mais de seis biliões de seres, poderá continuar a consumir energias não renováveis daqui a 50 anos? Esse é o problema. Portanto, a escolha é entre o desenvolvimento desenfreado e o desenvolvimento sustentado. Por isso, a cimeira é importante, independentemente dos resultados a que chegarem os participantes. Veremos.

Anónimo disse...

Rini: susto, porquê? Por não concordar com as periódicas idioteiras do Carlos Augusto? Susto, verdadeiramente susto, são os palhaços do regime.

Rini Luyks disse...

Anónimo: estava a referir-me à "chuvada de mós de moinho", ainda por cima "sem buraco", coisa se não se deseja ao seu pior inimigo :)!

Além dos dados empiricamente verificáveis, caro Carlos Augusto, a maior razão do meu pessimismo é a arrogância humana nas suas relações com a natureza.

Carlos A. Augusto disse...

Obrigado Rini.
Começo pela segunda observação para dizer que partilho essa preocupação. Mas, creio que este tipo de inciativas demonstra que algo está a mudar, tanto do lado do poder, como do lado do contrapoder.
Quanto à primeira observação (este comentário é também extensivo ao comentário anterior do Rui), considero que esta matéria tem de ser analisada com um grande, muito grande rigor.

Carlos A. Augusto disse...

Um primeiro acordo... hoje (09-12-18)

Rui Mota disse...

Sim, houve um "acordo" que foi rejeitado/criticado pela maioria dos delegados presentes. Basta ver que o Japão disponibilizou mais dinheiro do que a União Europeia! para ajuda aos países em desenvolvimento e que muita dessa ajuda vai para ditaduras como o Zimbabwe e quejandos...
Enquanto os países mais poluidores do planeta (China e EUA) não abdicarem do seu crescimento desenfreado, como é que os outros países hão-de respeitar o "acordo"?...

Carlos A. Augusto disse...

É tudo verdade Rui. Mas, o problema é que todos estes problemas estão às claras agora. Só não sabe disto quem não quer, ou quem acha que detém a verdade incómoda.
O assunto está aí, é público e notório, e deixou de ser do domínio de minorias (que foram importantes, mas que neste momento já não riscam) para ter passado a ser uma questão ecuménica. Nunca mais as coisas vão ser o que foram.

Rini Luyks disse...

O COP15 foi um fracasso total.

Carlos A. Augusto disse...

Porquê Rini?

Carlos A. Augusto disse...

Do grupo Hopenhagen, recentemente criado no Facebook retiro esta citação:
"As it stands, it will not solve the climate crisis. Nevertheless, it’s a start. We now need all nations to complete the task of agreeing to a legally binding treaty, to enshrine their most ambitious pledges into national legislation and to get on with the task of cutting emissions."

Rui Mota disse...

Isso é verdade, Carlos, mas em Quioto também já tinham chegado a um acordo e...viu-se!

Rini Luyks disse...

Claro, é isso, de boas intenções o mundo está cheio. Mas compromissos fixados e sanções em caso de não-cumprimento, onde estão?
Em Fevereiro? Seria bom ter de arrepender-me mais tarde como um Tomás incrédulo, mas: I simply don't believe it!

Carlos A. Augusto disse...

Não sei se já repararam mas há uma coincidência de posições entre vocês, Rui e Rini, e o eng. Sócrates.... Isto se calhar é maldade minha, mas na aparência é isso.

Rui Mota disse...

Se há coincidências entre a minha posição e a do Sócrates engenheiro, então eu devo estar mesmo muito enganado...

Anónimo disse...

Boa Rui. O Carlos Augusto acredita no pai Natal. E na propaganda made in USA. É um pró-americano escapado ao maoismo mas pinguista.
E o que é que um homem pode desejar mais?