Ouvir Pedro Adão e Silva dizer que o actual PEC é um documento alheio ao ADN do Partido Socialista, diz mais sobre a deriva ideológica que grassa actualmente no partido do governo de que todas as críticas que os partidos da oposição possam vir a fazer ao programa de estabilidade e crescimento anunciado. O jovem turco do PS não podia ser mais claro: o documento não só contradiz as promessas eleitorais do PS (não aumentar impostos, aumentar o investimento público e reduzir despesas) como - mais uma vez - vai sacrificar a larga maioria do assalariados portugueses, agora eufemisticamente denominados de "classe média", e que são quem vai pagar uma crise da qual não têm culpa alguma. Pior, as deduções fiscais anunciadas, vão atingir principalmente os grupos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa: desempregados, reformados com pensões baixas e dependentes do subsídio de inserção social, para não falar dos desempregados de longa duração, os quais não têm qualquer espécie de apoio após os meses de subsídio a que têm direito. Qualquer coisa como dois milhões de pessoas.
"Medidas de direita que o CDS subscreveria", as palavras são de Adão e Silva e, a avaliar por outras vozes dissonantes dentro do seu partido (Paulo Pedroso, João Cravinho, Maria de Belém), uma prova de que o socratismo já nem os seus soldados consegue motivar. Resta saber se, no PS, há gente suficiente que se reconheça nestas palavras, ou se o partido vai prosseguir no caminho autista que vem trilhando de há cinco anos a esta parte. Para já, as notícias não são animadoras e não parece existir plano que melhore as projecções conhecidas. O único plano conhecido é mesmo o do empobrecimento nacional.
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