2010/05/24

O "abafador"

No tempo em que as crianças ainda brincavam com berlindes, havia sempre alguém que aparecia com uns berlindes maiores e mais coloridos que davam pelo nome de "abafadores". Quem possuía um "abafador", tinha o "direito" de roubar os berlindes monocromáticos que valiam "menos".
Nos tempos modernos, as técnicas de "abafamento" tornaram-se mais sofisticadas e são, agora, justificadas com o argumento jurídico da "acção directa".
Ricardo Rodrigues, agindo directamente perante as câmaras, furtou dois gravadores a jornalistas em pleno Parlamento e resolveu entregá-los ao Tribunal, como prova da pressão psicológica a que supostamente estava a ser submetido.
Acontece que - a acreditar nas notícias - os gravadores desapareceram. Ou, estão em parte incerta, o que vai a dar ao mesmo. Não sabemos o que aconteceu aos gravadores, mas sabemos, porque vimos, como eles foram furtados.
Perante tais evidências, pergunta-se o cidadão comum, com razão, quem o protege da lei do mais forte que, pelo simples facto de pertencer ao partido do governo, pode "abafar" a propriedade alheia e não ser perseguido por isso.
Porque das duas uma: ou a cleptomania deixou de ser crime punível por lei e, a partir de agora, qualquer pessoa pode "abafar" o que lhe der na real "gana"; ou o senhor Rodrigues, tem de ser acusado daquilo que ele é - um ladrão - e, como tal, prestar contas do furto que praticou.
Que o deputado do PS não tenha dignidade para se demitir, já é grave. Que o partido ao qual pertence não o demita, é uma ofensa a todos os votantes que escolheram estes deputados para os representarem. Haja vergonha!

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

Vergonha é coisa que se esgotou há muito na loja onde estes cavalheiros se abastecem. Mas, sabes o que me faz mais confusão Rui? É gente com responsabilidade, que têm criticado duramente este governo e esta situação, não se revoltar a sério cotnra isto e não tomar uma atitude.
Ouço-os falar (ouvimo-los todos!) e parecem marcianos que vieram passar o fim de semana e estão de saída... Não se comprometem, criticam à distância, sem envolvimentos comprometedores, com uma paixão que não vai até à consumação... Estarão bem na vida todos esses e esta "crise", que é antes de tudo o mais crise de regime, não os enoja o suficiente para actuarem.
Temos também os críticos que merecemos...
Maus como tudo o resto.