2012/01/28

E a Grécia aqui tão perto...

A exigência alemã de retirar a soberania orçamental à Grécia, com o argumento de que os gregos não conseguem tomar conta das suas contas, é uma redundância, pois qualquer país intervencionado perde, por definição, essa soberania. Veja-se o caso de Portugal.
Mas, representa ainda outra coisa: a imposição do diktat alemão para a resolução desta crise, à revelia de qualquer decisão democrática tomada no seio da União Europeia, uma posição que, a cada dia que passa, se torna mais evidente.
Pressionada pelos bancos alemães (os principais credores da Grécia) e maioritariamente apoiada pelos eleitores, Merkel prossegue a cruzada luterana contra os "preguiçosos povos do Sul" que, supostamente, vivem acima das suas possibilidades.
Adiada, parece ficar, mais uma vez, uma solução que a maioria dos especialistas considera exequível e que consiste no aumento das reservas do FEEF, com o aval do BCE. Seriam ainda emitidos títulos de crédito, os chamados "eurobonds" e, dessa forma, os países em incumprimento não seriam obrigados a endividarem-se a taxas de juros incomportáveis, permitindo dessa forma cumprir com as suas obrigações e crescer economicamente. A prosseguir nesta estratégia autista e autoritária, Merkel não só se desqualifica, como retira aos países intervencionados qualquer possibilidade de recuperação económica a médio prazo. A Grécia está a um passo de sair da Euro e Portugal está avisado.

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