2012/03/03

"Pessoal do Fisco é agredido ou espancado todos os dias"

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos afirma-o e diz mais: o pior está ainda para vir! É claro que cada um interpreta isto como quer. Alguns justificam as agressões dizendo que os funcionários abusam da sua posição. Dizem outros que, no actual quadro de crise e sendo a lei cega, se geram situações de injustiça inaceitáveis. Outros ainda criticam essa opção porque, em tese, as soluções violentas não são legítimas.
Há quem pense que os funcionários não têm a capacidade de avaliar cada caso que têm de tratar. Outros há que pensam que eles não sabem ter essa capacidade. Outros ainda pensam que isso lhes está simplesmente vedado pelo seu estatuto.
Todas estas diferenças de opinião servem indiferentemente para aplaudir ou condenar as agressões.
Mas, no final, a verdade é que o Fisco é o "rosto do Estado", o Estado não cumpre, e é justamente quem dá o rosto pelo "rosto do Estado" que paga as favas.
Quer os que criticam estas agressões quer os que as praticam, se esquecem que o cerne da questão não está nem no Estado, nem no seu "rosto". A falta de um debate sério sobre o papel do Estado —que temos de exigir— e a visão neoliberal que hoje prevalece e contribui para confundir ainda mais as pessoas sobre esta matéria —que temos de combater com unhas e dentes— isso sim, é o problema.
Por outro lado, não deixa de ser verdade que, mais cedo ou mais tarde, os agentes do Fisco vão ter de escolher, como os restantes agentes da autoridade do Estado, de que lado da barricada vão querer estar e de quem querem ser agentes...

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