2012/09/29

Case Study

As declarações de António Borges, hoje preferidas em Vilamoura perante uma plateia de empresários portugueses e estrangeiros, revelam o pior das nossas “elites”.  Como se não bastasse a arrogância com que sempre trataram quem trabalha (que mais direitos não tem do que pagar impostos), chama “ignorantes” aos empresários que ousam duvidar de medidas que só os poderia beneficiar...
Depois de afirmar que estes empresários chumbariam no primeiro ano da sua faculdade, Borges foi mesmo mais longe, ao declarar que o regime de austeridade imposto em Portugal estava a revelar-se um sucesso. No FMI (onde trabalhava à época do resgate português) ninguém acreditaria que, menos de dois anos depois,  a situação portuguesa estivesse debelada. A “hemorragia” (nas suas próprias palavras) tinha sido estancada.
Claro que isso foi conseguido à custa de sacrifícios, mas ninguém de bom senso pensava que seria possível de outra maneira. Portanto, a primeira fase do programa estava a revelar-se um êxito, de tal forma que deve ser considerado um verdadeiro “case study”.
Ao contrário do que muitos empresários (Mira Amaral, CIP) e diversos fazedores de opinião, hoje vieram dizer, não penso que Borges seja tão parvo como o pintam. Não se trata de uma “gaffe”, mas de um pensamento, alicerçado na escola do INSEAD,  Goldman & Sachs e FMI,  instituições por onde passou e que primam pela estratégia de “choque e pavor” que caracteriza a sua acção pelo Mundo. Nesse sentido, Portugal não deve ser considerado uma excepção, antes um laboratório onde as teorias de homens como Gaspar e Borges, servem uma politica específica. A politica de quanto pior melhor, para desregular a economia, privatizar a qualquer preço e, nessa altura, poder impor as condições mais favoráveis ao modelo neo-liberal que defendem..
É Borges, o verdadeiro “case study”. Devemos estudá-lo, para melhor combatê-lo.

2 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

De facto, também não creio que este tipo seja parvo. Parece demasiado óbvio para que seja verdade...
Em todo o caso, a pergunta que se impõe —perante toda esta esperteza que a criatura evidencia— é: quem é que lhe pagará a esperteza? De certeza que não é Passos Coelho...

Carlos A. Augusto disse...

Vale a pena ler este artigo do Público de 30/3/2008... Sim, 2008!
http://economia.publico.pt/Noticia/antonio-borges-crise-financeira-nao-vai-provocar-recessao-apenas-abrandamento-1324083