2012/09/10

Cinema Bioscoop: um balanço provisório

À excepção de dois ou três cineastas de renome mundial – Ivens, Van der Keuken, Verhoeven – o cinema neerlandês e, por extensão, o cinema flamengo, é relativamente pouco conhecido em Portugal.
Para colmatar esta lacuna, três jovens docentes da língua neerlandesa no nosso pais, decidiram organizar um pequeno festival (Cinema Bioscoop) com filmes holandeses e flamengos dos últimos anos. Durante quatro dias, o Teatro do Bairro foi o centro desta pequena Mostra que, a avaliar por alguns dos filmes exibidos, tem potencial para futuras edições.
Descontadas as “doenças infantis” de uma primeira edição, o festival confirmou alguns nomes e possibilitou a descoberta de outros, que nunca chegaram ao circuito comercial. Entre as obras exibidas, destaque para os filmes belgas “Pauline & Paulettte” (2001) de Lieven Debrauwer e “Rundskop” (2011) de Michael Roskam. O primeiro, centrado na relação de duas irmãs, uma retardada mental e outra dona de uma pequena loja de aldeia, que a vida obriga a viver juntas; enquanto o segundo parte de uma situação existente (a máfia das hormonas na Flandres) para ilustrar o drama de um criador de gado vítima das vendetas locais.
Interessantes foram ainda os filmes “De Tweeling” (2002) de Ben Sombogaart e “Wilde Mossels” (2000) de Erik de Bruyn, o primeiro sobre duas gémeas separadas pela 2ª Guerra Mundial e obrigadas a viver sob regimes inimigos: e o segundo, localizado numa pequena comunidade da Zeelândia, onde um grupo de jovens leva uma existência sem futuro. Da Holanda vieram ainda dois excelentes documentários, respectivamente “Ouwenhoeren” de Gabrielle Provaas (2011) um “docudrama” sobre duas irmãs prostitutas em Amsterdão e “Cinema Invisible” de Kees Hin, uma encenação sobre argumentos que nunca foram filmados. A primeira edição de “Cinema Bioscoop” contou ainda com a participação dos realizadores deBrauwen e Hin, que no último dia do Festival participaram num debate com a assistência.. Estão de parabéns os organizadores desta primeira edição de cinema em língua neerlandesa, que mostraram ser viável, ainda que difícil, a organização de um evento com estas características.
Para ano, espera-se, haverá mais. Lá estaremos.

Sem comentários: