2013/01/15

De derrota em derrota até à vitória final...

No mesmo dia em que o Banco de Portugal publica o seu “Boletim de Inverno” com as previsões económicas para 2013, o governo lança uma “Conferência para a Reforma do Estado”.
E o que diz o Boletim do BdP?
Entre outras coisas importantes, que haverá uma contracção em 2013, de 1,9% do PIB (o dobro do previsto pelo governo para o mesmo período); o consumo privado irá diminuir 3.6%; o investimento cairá 8,5% e as exportações diminuirão 2,4%. Haverá ainda uma diminuição do emprego (perca real de 88.000 postos de trabalho) e a economia não deve descolar antes de 2014, a uma taxa que não deve ultrapassar 1%.
Ou seja, tudo a correr mal e com fortes possibilidades de vir a correr pior, como de resto qualquer observador, minimamente informado da realidade, podia prever. A “espiral recessiva” veio para ficar e ninguém sabe quando sairemos dela.
Por coincidência, ou talvez não, o governo anuncia com pompa e circunstância, uma conferência sobre a “Reforma do Estado”, a decorrer por estes dias no Palácio Foz, onde falarão diversos especialistas.
E o que dizem os convidados nessa ilustre conferência? Não sabemos. Para além da comunicação de abertura, lida pelo secretário de estado Carlos Moedas e transmitida por todos os canais televisivos, a comunicação social está impedida de transmitir o que vai passar-se nas salas do extinto SNI, à excepção da comunicação final, reservada a Passos Coelho que, obviamente, terá honras de “prime-time”.
Entretanto, o governo pela voz dos seus representantes, chama a atenção para a importância desta reforma e apela a todos os cidadãos para participarem e discutirem, pois dela depende o futuro do pais (!?). Mas, como, se nem sequer as propostas dos especialistas podem ser transmitidas?
Ouve-se, vê-se e não se acredita.
Contrariado por uma realidade que não se compadece com as previsões de Victor Gaspar e os elogios de instituições internacionais, apenas interessadas no pagamento dos juros aos credores, o governo lança mão de todos os estratagemas e mentiras para prolongar esta agonia que só pode conduzir o pais a um ponto de não retorno, com um inevitável pedido de um “segundo resgate”.
Provavelmente, é esta a sua real intenção: destruir as funções sociais do estado para liberalizar depois as suas principais funções e deixar ao glorioso “mercado” impor as suas leis.
Estamos pois, a aproximar-nos perigosamente da situação grega, onde os cidadãos sem possibilidade de pagar a electricidade, abatem árvores para fazerem fogueiras e, dessa forma, poderem aquecer-se. Talvez por isso, o gabinete do primeiro-ministro grego foi ontem alvo de um atentado a tiro, o segundo em poucos dias. Se a moda pega...

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

Para rematar o evento (refiro-me ao tal encontro para discussão da dissolução, perdão, da refundação do Estado...) Passos Coelho disse hoje que só teme o erro quem teme governar. Diria então, a propósito do título deste post, de erro em erro até ao erro final...