E, no entanto, "Lawrence" - o filme, continua gravado na memória, como uns dos mais marcantes da minha juventude. Talvez devido ao facto do cinema continuar a ser a "fábrica de sonhos" que nunca abandonámos. Uma coisa é certa: depois do "Lawrence", o cinema, para mim, nunca mais foi a mesma coisa.
Vi o filme diversas vezes, a última das quais em formato 70mm, quando David Lean faleceu. Nesse dia, algumas salas de Amsterdão tiveram a ideia original de projectar quatro das obras de Lean, em homenagem ao realizador britânico. Indeciso quanto à escolha, optei por "Lawrence". Antes da projecção, a sala ficou às escuras e, durante largos minutos, só ouvimos o tema musicado por Maurice Jarre. Uma experiência inesquecível. Quando surgem as primeiras imagens, com Lawrence a andar de moto, naquela que seria a sua última viagem, já estamos identificados com o personagem. Lawrence só podia ser O'Toole e O'Toole era Lawrence. Uma simbiose perfeita, que a duração do filme (mais de 3horas na versão "director's cut") apenas confirma. Tudo é perfeito nesta obra - nomeada para oito óscares - o argumento, as inesquecíveis imagens do deserto, a música e as interpretações individuais. De todas, a mais impressionante é, sem dúvida, a de Peter O'Toole, até aí um desconhecido do grande público. As nomeações para o Óscar, que posteriormente viria a receber, apenas confirmam o seu inegável talento como actor, apreendido no celebrado Old Vic, onde voltava sempre que podia.
Um personagem inesquecível, o Lawrence. Ou seria o Peter?
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