Há dias para esquecer. Hoje é um deles. Já não bastavam as notícias chegadas da Faixa de Gaza, onde todos os dias são mortos inocentes em nome de uma qualquer religião; da Ucrânia, onde os corpos calcinados de um avião abatido, foram hoje transportados para a Holanda; ou das notícias do BES, que dão conta da emissão de títulos do Banco, com vista a nacionalizar uma falência de privados, quando nos chegam as imagens deploráveis de Dili, onde a cimeira da CPLP aceitou (sem votação!) a adesão da República da Guiné Equatorial, como membro de pleno direito da organização.
Logo a Guiné Equatorial, um país onde não se fala português, onde o espanhol é a principal língua, onde os mais elementares direitos humanos não são respeitados (existe a pena de morte!) e o seu presidente é o ditador há mais tempo no poder em todo o Mundo.
Duas coisas se percebem nesta adesão: nem ela se pauta por quaisquer princípios linguísticos ou humanos de qualquer ordem; nem Portugal (teoricamente o único país que pôs algumas reservas a esta decisão) conta para alguma coisa no plano internacional.
Dito de outra forma: foram privilegiados os interesses económicos (petróleo) em detrimento dos interesses linguísticos e democráticos e o governo português participou em mais uma fantochada, desta vez promovida pelo governo de Timor-Leste (onde estás Xanana Gusmão?) tornando-se cúmplice de mais esta página negra das relações internacionais, que nos devia envergonhar a todos.
Digna de um verdadeiro episódio de Monty Python, seria a entrevista feita por uma jornalista portuguesa, ao ditador Obiang, no final da cerimónia: "Presidente, está satisfeito com esta cimeira? Si, si, mucho satisfecho"...
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