2016/03/10

Tempos de Circo...

Portugal tem um novo Presidente da República.
Aparentemente, começou um "novo ciclo", a expressão mais usada nas últimas vinte e quatro horas.
Uma coisa, parece certa: terminou o triste ciclo, inaugurado por Cavaco Silva, o pior presidente da democracia recente. Algo é algo.
Resta-nos aguardar pelo ciclo Marcelo que terá, à partida, cinco anos pela frente.
Sobre o novo presidente, já muito foi dito, antes e depois da sua nomeação. Sabemos que é um comunicador nato (quarenta anos semanais na imprensa escrita e televisiva, não passam despercebidos) e sabemos que, ideologicamente, é de direita e filiado no PSD, partido do qual foi secretário geral, na década de noventa. Da mesma forma, sabemos que é professor e constitucionalista de mérito, assim como sabemos ser um católico praticante, como ontem ficou, mais uma vez, demonstrado.
Se dúvidas houvesse sobre a sua personalidade e comportamento, os sinais dados neste primeiro dia, são inequívocos: o país assiste, entre surpreso e divertido, ao frenesim do novo presidente nestas horas em que ainda está em "estado de graça".
Relembramos: deslocação (a pé) para o Parlamento onde jurou a constituição e fez um discurso, suficientemente abrangente para agradar a gregos e troianos, após o que recebeu os cumprimentos habituais. Seguiu depois para os Jerónimos, onde depôs as flores da praxe nos túmulos de Camões e Gama. Almoço e visita "ecuménica" à mesquita de Lisboa, onde recebeu os cumprimentos dos representantes das confissões religiosas existentes em Portugal. À noite, mais cumprimentos no palácio da Ajuda e, finalmente, um concerto ao ar livre, oferecido aos lisboetas na companhia de dezenas de crianças convidadas para o efeito. Mariza cantou o hino e os restantes artistas fizeram a festa.
Hoje, a televisão ofereceu-nos um directo de Belém, que permitiu ver a sua apresentação formal aos funcionários do palácio (Obama fez escola) e, esta tarde, recebeu os representantes do corpo diplomático no palácio de Ajuda, em directo para a televisão, com a presença de alguns atletas e da inevitável...Mariza. É obra!
Está dado o mote: Marcelo, o "comunicador" nato, sabe lidar com os média e o frenesim não vai parar. Para a semana, estão anunciadas as duas primeiras visitas estatais, ao Vaticano (!?) e a Espanha (noblesse oblige).
Quem esperava um presidente mais sisudo e formalista, enganou-se. Quem esperava um presidente interventivo, vai ter de esperar mais tempo. Para já, o circo não tem faltado. Falta, ainda, o pão.
Uma coisa é certa: a partir de agora, nada será como dantes.        

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

A saída de Cavaco é a única nota positiva deste processo todo.