2025/08/15

Fogos no Pontal...

Enquanto o país assiste, horrorizado, à catástrofe dos incêndios de Verão, os governantes vão a banhos e fazem discursos patéticos no Algarve onde, entre outras coisas "importantes", prometem melhorar o Cartão de Cidadão na hora e o regresso da Formula 1 à região! Extraordinárias promessas. 

Não fora a tragédia nacional, que se repete ciclicamente e que, só este ano, já é responsável pela terceira área ardida do século (88 000 hectares!) e daria vontade de rir. 

A incompetência deste governo é total. A ministra que tutela o território é uma tonta, sem qualquer preparação para o cargo. Não tem uma ideia ou solução para combater os fogos. Não é a única. Há, pelo menos, mais duas (na saúde e no trabalho). Foram escolhidas a dedo. A mediocridade é assustadora.

No meio do caos, lá surgem as desculpas do costume. Os meios de combate nunca são suficientes, metade da frota está avariada, foram pedidos aviões a Marrocos, estão encomendados dois Canadair, que só chegarão em 2028 (custo 16 milhões), um fartote...

Também há as acusações do costume. A culpa é dos incendiários, pirómanos e não só, que agem a soldo de interesses obscuros (a industria do fogo...), a falta de limpeza das matas, a descoordenação entre bombeiros e protecção civil...

Há certamente uma "indústria do fogo", como há certamente incendiários pirómanos e/ou a soldo de interesses económicos conhecidos. Também haverá fogos ateados por vingança e por descuido. Tudo isso é verdade. Mas o problema dos incêndios de Verão é bem mais complexo do que isto.  

Basta estar atento e ouvir os "experts" que, diariamente, passam pelas pantalhas de televisão. Há anos que eles alertam para coisas tão essenciais como as alterações climáticas, as características da região mediterrânica, o ordenamento do território, o cadastro actualizado das florestas, a desertificação do interior, o abandono da agricultura e do pastoreio, a falta de limpeza das matas, etc... etc... a lista é longa. Ou seja, não basta combater os fogos (fogos haverá sempre!), mas é necessária prevenção, única forma de minimizar os estragos.   

Acontece que, os portugueses, são um povo reactivo e pouco pró-activo. Raramente programamos algo. Não há um desígnio nacional. Não existe estratégia para o país. Nem nesta área, do combate aos  fogos, nem noutras (saúde, educação, habitação, transportes...). Ninguém pensa este país a 10 ou 15 anos. Na melhor das hipóteses, a 4 anos (o tempo de uma legislatura). Daí o discurso de ontem, no Pontal, onde o primeiro-ministro tudo fez para evitar o tema dos incêndios. Solidarizou-se com as vítimas (quem não?) e prometeu tudo fazer para proteger as pessoas e os haveres. A maior parte do discurso centrou-se nas leis da imigração (o "cavalo de batalha" da direita fascista), as leis de trabalho em preparação (o "cavalo de batalha" do patronato), para além dos ridículos melhoramentos na administração, como o cartão de cidadão ou a substituição de documentos perdidos. Por acaso, medidas que já estavam previstas pelo anterior governo. 

Uma cambada de incompetentes, estes governantes, na senda dos interiores, de resto. Só que bastante piores. 

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