2009/04/15

Criacionismo e Darwin

Volta não volta, a minha costela anticlerical manifesta-se aqui no Face. É simples perceber porquê. As posições da Igreja Católica e dos seus agentes dão-me frequentemente volta ao estômago. Considero que esta instituição é, entre as muitas outras razões que originam esta minha perturbação estomacal, um contribuinte, decisivo e relapso, para o mal profundo que afecta este país. Não admira, pois, que o assunto seja aqui tema de conversa regular.
Sejamos, contudo, justos: a crítica recente do cardeal patriarca feita às leituras apressadas que os teólogos católicos fazem muitas vezes do evolucionismo merece saudação. D. José Policarpo não hesita em classificar estas posições como resultantes de uma "leitura deficiente" da Bíblia, feita tanto pelos críticos católicos, como por alguns darwinistas. E vai mais longe, aproveitando muito justamente para estender a sua crítica a outros movimentos criacionistas.
A quantidade de asneiras que se dizem sobre este tema, de um lado e de outro, é de facto lamentável. E é um facto: há gente mais papista que o Papa (seja qual for o cisma), mas há também aqueles que são mais darwinistas que Darwin. 
Ora, o que há é, sobretudo, mais evolucionismo para além de Darwin. Sabendo disso, D. José Policarpo revela nestes seus comentários uma enorme habilidade e --para mim, que sou bastante limitado enquanto observador destas coisas...-- uma surpreendente sensibilidade e coragem.  
Por uma vez, tenho de aplaudir um prelado.

5 comentários:

Rini Luyks disse...

A "coragem" do cardeal também não deve ser exagerada, com excepção de alguns prelados quase mumificados já ninguém na Igreja contesta as teorias da evolução, parece-me.
Eu só aplaudo quando o D. Policarpo reconsidera as suas ideias muito pouco evoluídas sobre relações humanas entre católicos e muçulmanos, por exemplo...

Carlos A. Augusto disse...

Eu não exagerei. É preciso ler tudo o que escrevi com atenção...

Rini Luyks disse...

Caro Carlos Augusto, a questão deve ser que eu não tenho só uma costela mas um esqueleto inteiro anticlerical...

Carlos A. Augusto disse...

Pois, assim como os homens não se medem aos palmos, o anticlericalismo não se mede aos ossos. Ou se é, ou não se é.
Esta troca de comentários faz-me lembrar a metáfora daquela cena inicial do "2001" do Kubrick.

Anónimo disse...

Por falar em ossos: consta que o vosso Rui Mota agora deu em criacionista? Consta...