Os relatórios indicam que houve um aumento significativo do número de acidentes rodoviários, de mortos e feridos durante a operação de Natal montada pela BT-GNR, em relação, claro, ao que sucedeu no ano passado. É tristíssimo que isto aconteça.
O presidente do ACP veio logo aproveitar para zurzir no governo por causa das verbas supostamente retiradas às campanhas de prevenção que a PRP efectuava. A culpa de tudo isto seria, segundo ele, da educação. Ao não apostarmos no futuro, ou seja, ao não preparamos as crianças para mudar o actual status quo, estaremos, segundo ele, a agravar o problema. Mas, o porta-voz da BT disse, preto no branco, que a culpa é da falta de civismo dos condutores portugueses. Tudo o resto decorre daqui. Ou seja: mesmo que estejamos a dar toda a formação nesta matéria aos futuros condutores, o problema existe hoje. E não me parece que possamos contar com os prevaricadores de hoje para educar e formar a consciência cívica dos condutores de amanhã.
Não parece haver imagens-choque, estatísticas arrepiantes, alertas angustiados, agravamento significativo de multas e novas regras mais apertadas que ponham fim a esta barbárie. Uma barbárie que só encontra paralelo em momentos e episódios históricos que me dispenso de explicitar aqui. Mas, como diria um grande pensador da bola, português de Palmela, vocês sabem do que estou a falar... As notícias (e neste capítulo a imprensa tem tido um comportamento estranhamente exemplar) mais chocantes, as imagens mais selvagens, não parecem afectar ninguém: os números já de si vergonhosos, agravaram-se.
É profundamente triste, repito. E é estranho que continuemos a ver gente, alguma até com grandes responsabilidades, eventualmente, exemplares pais e mães de família, quem sabe, zelosos cumpridores das regras nas suas casas e no seu trabalho, que mal se sentam ao volante se transformam no mais reles "serial killer" em potência! Sem qualquer peso na consciência por aquilo que faz ou que deixa fazer. E, pior ainda, vangloriando-se de um comportamento que, se ocorresse noutros ambientes, mais 'fashion', decerto verberaria!
Face a isto, podemos perguntar: quem pode dar formação aos condutores de amanhã? De que servirão as tais campanhas na escola se quem está na estrada hoje e quem pode dar essa formação hoje não merece sequer ter o privilégio de conduzir?
Precisamos é de uma campanha de educação de adultos, desses que andam para aí a matar-se e matar-nos. E de re-implementar a reguada...
PS- Já agora, a este propósito, assisti há dias a um programa da SIC Comédia chamado "Prazer dos Diabos". Habitualmente divertido, este programa conta com um participante com quem simpatizo, quanto mais não fosse pelo sentimento anti-benfiquista que demonstra (!). Ora num destes dias, resolveu ele atirar-se à "Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados" (ACA-M), produzindo uma série de piadas de péssimo gosto sobre esta organização que luta pelo fim do que designa "guerra civil nas estradas". Não sei se o membro do "Prazer dos Diabos" a que me refiro se chegou a auto criticar pela figura triste que fez, mas daqui lhe digo: tomáramos nós que existissem muitas associações deste género em Portugal. O envolvimento cívico nas questões que nos dizem respeito, a todos, está longe de constituir sinal de cinzentismo. Não faz mal a ninguém e deveria ser quase uma regra da democracia... Quanto ao humor, em geral, nada contra!
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