2007/05/23

os pequenos sinais

O processo disciplinar recentemente imposto a um professor, por alegada anedota sobre o primeiro-ministro, é em si uma anedota, mas revela outra coisa mais grave: a intolerância persecutória de uma coordenadora do ensino, no seguimento de uma denúncia, à boa maneira dos "bufos" do antigo regime.
Não devemos admirar-nos. Depois da proposta-lei, sobre avaliações na função pública, que aceita denúncias de mau desempenho, como critério de avaliação, tudo pode acontecer. A começar pela denúncia dos colegas que querem ver-se livres dos competidores mais competentes na sua área. Sei do que falo e por isso o denuncio.
Curioso (ou talvez não) é estas leis serem propostas pelo Partido Socialista. Não é a primeira vez e, creio, não será a última. Começou, ainda num passado não muito distante, por uma proposta da (então) deputada Jamila Madeira que sugeria a criação de um bilhete de identidade que incluisse dados do ADN do portador (tão nova e já tão perversa!). Seguiu-se a famigerada "Lei de Escutas", proposta por António Costa que (oh, ironia do destino!) lhe havia de cair em cima. Já mais recentemente, a criação do "Cartão Único" (5 em 1), apresentado pelo "iluminado Sócrates", como o suprasumo do facilitismo tecnológico. A recente lei de avaliação da função pública é, até ver, a "cereja em cima do bolo".
No campo cultural, a "coisa" fia mais fino, mas o dirigismo e o provincianismo estão lá também: nomeação de Carlos Fragateiro para o D. Maria II, despedimento de Pinamonti no S. Carlos, compra em "comodato" (gosto desta palavra) da mais do que discutível colecção do "comendador" Berardo, que será sempre o seu dono e ainda receberá dinheiro do MC para actualizá-la, etc...
São pequenos sinais e, provavelmente, apenas coincidências. Mas como eu não acredito em bruxas, há que estar atento. Como dizia o poeta russo: "ontem foram os comunistas, hoje os estrangeiros, amanhã serás tu. Nessa altura, será tarde, pois ninguém te ajudará".

Sem comentários: