2008/08/07

Eva e a maçã

E "diante de Adão mas despegado dele, estava outro Ser a ele semelhante, mas mais esbelto, suavemente coberto de um pêlo mais sedoso, que o contemplava com olhos lustrosos e líquidos (...) E roçando, num roçar lento, num roçar muito doce, os joelhos pelados, todo aquele sedoso e tenro Ser se ofertava com uma submissão pasmada e lasciva. Era Eva... Eras tu, Mãe Venerável!"
Assim descrevia Eça o primeiro encontro entre os "pais veneráveis" da Humanidade. O que Eça omite neste seu texto é o facto de Eva ser na altura portadora da maçã.
A maçã, todos sabemos, é um fruto do demónio. Nós pobres pecadores (eu confesso-o!), sempre que a comemos experimentamos um leve rubor, um pequeno estremecimento. Um frémito subtil invade-nos...
Se for maçã reineta a sensação geral é de volúpia pura. Se for Golden Delicious, essa deixa-nos mais ou menos indiferentes. Mas, se for maçã Bravo de Esmolfe é o delírio absoluto! Com Bravo de Esmolfe eu, pessoalmente, não consigo mesmo ter mão em mim. Já a Macintosh faz sempre lembrar kilts. Pode, portanto, não fazer o nosso género, é uma questão de escolha.
A tradição católica fartou-se de nos excitar a mente com esta Eva que Eça depois descreveu no seu conto com soma profusa de pormenores. Creio que o livro do Catecismo (a Censura nunca se lembrou que o Catecismo poderia não passar afinal de literatura porn) contribuiu definitivamente para gerar esta ideia: maçã é tentação.
Imaginávamos nós então, jovens e fogosos catequistas, Eva de longos cabelos caídos, sem sequer uma parrazinha leve que lhe tapasse as partes pudibundas, avançando com movimentos coleantes sobre Adão, enleando-o subtilmente e oferecendo-lhe, sabemo-lo hoje de fonte histórica segura, a tal maçã!
E foi assim, neste contexto de associação de ideias, que à maçã se passou então, sem dúvida, a associar à noção de massagem.
Tratada que está então a questão das massagens, era natural que o intrépido Comando Marítimo do Sul se voltasse agora para a maçã, esse fruto do pecado. Era inevitável. Era necessário.
Pelo menos numa coisa devemos elogiar o Comando Marítimo do Sul nesta investida estival sobre os bons constumes: prosseguem uma política coerente.

7 comentários:

Rui Mota disse...

Cá por mim, já decidi: este ano não vou para o Algarve, não vá o Agoas (transvestido de "golden delicious") tecê-las...

Carlos A. Augusto disse...

Por aqui também já decimos: não vamos nem para o Allgarve (livra!) nem vamos a ágoas.
Vamos a vinhos, ou melhor, vamos a cidras, que é bebida boa para o verão.

Rini Luyks disse...

E (como já escrevi num post hoje) Cavaco Silva interditou o espaço aéreo em cima da sua casa de férias no Algarve, será possivelmente para não ser incomodado por fotógrafos em helicópteros durante as suas massagens (agora) clandestinas!?

Carlos A. Augusto disse...

Ou para não ser apanhado a roer a maçã da Eva!!

Rui Mota disse...

Não é a maçã da Eva, é a maçã da Maria...

Carlos A. Augusto disse...

A bolacha é que é da Maria. A maçã é de Eva...Estaremos portanto aqui perante um caso possível de bigamia?

Rui Mota disse...

Pode ser...o Cavaco é capaz de comer tudo. Não nos podemos esquecer do "bolo-rei"...