Por mais que o porta-voz do Partido Socialista se esforce, a disciplina de voto imposta aos membros da bancada parlamentar (na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo) não consegue apaziguar alguns dos deputados mais inconformados. A descer nas intenções de voto de há seis meses a esta parte, o PS sabe, que, numa conjuntura desfavorável, não pode arriscar uma guerra com a sua ala mais conservadora.
Paradoxalmente, é um partido de direita e teoricamente mais conservador em questões de costumes, o PSD, que dá liberdade de voto aos seus deputados.
Algo não bate certo nesta lógica de calculismo político seguida pelo maior partido do parlamento. A justificação dada por Alberto Martins, sobre a oportunidade da votação, é uma declaração acabada da hipocrisia que domina o voto socialista.
Longe vão os tempos em que o PS criticava os partidos estalinistas pelas suas práticas de centralismo democrático. O argumento, segundo o qual o PS seria um partido de opiniões livres, deixa assim de fazer sentido. Na antiga Europa de Leste, chamava-se a este método "kadaverdiscipline": disciplina de ferro. Deputados assim, não são de ferro, são "mortos vivos".
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