A menos de oito horas de terminar o ano, não acreditamos que algo de bom possa ainda acontecer em 2008. Pelo menos, algo sobre que valha a pena escrever.
A nível interno, pese a máquina propagandística do governo, Portugal continua a divergir da média do espaço europeu onde estamos inseridos, uma tendência que se verifica há oito anos a esta parte. Na educação (com professores desmotivados após um ano de confrontação intensa e com os piores indicadores no Pisa) os resultados são desastrosos; na saúde (ver os relatos diários sobre os atendimentos nas urgências portuguesas ou a lista de espera das operações) estamos ao nível dos anos noventa; na justiça (com processos que não terminam mais e onde as decisões continuam a favorecer os mais poderosos) a situação é de corrupção generalizada; nas finanças (onde Sócrates, sem melhores argumentos, continua a repetir à exaustão o controlo do "déficit") tudo parece congelado.
Agora, que a crise internacional nos bateu à porta, os seus efeitos sobre a economia real não deixarão de fazer sentir-se. Limitados no poder de compra, os portugueses consumirão menos, o que conduzirá a uma menor produção e inevitáveis ajustes. As empresas fecharão a um nível ainda mais acelerado e o número de desempregados crescerá a níveis impensáveis (fala-se em 10% da população activa, em 2009!). No campo social, os números não mentem: 350.000 pessoas dependentes do Banco Alimentar, 2 milhões a viverem no limiar da pobreza e mais de 450.000 desempregados. A emigração voltou a aumentar e, pela primeira vez em anos, o saldo migratório entre os que saem e os que entram é desfavorável a Portugal. Ou seja, o nosso país deixou de ser atraente para os imigrantes e os portugueses procuram, de novo, o estrangeiro para poderem sobreviver.
A desculpa da crise internacional, a mantra governamental para justificar todos os males, sendo real não é a única razão, até porque a crise portuguesa é muito anterior à crise financeira dos mercados internacionais. De facto, Portugal não produz riqueza e continua a endividar-se e esse é um fenómeno que atravessa vários governos e tem vários responsáveis. Começou com a fuga de Guterres, a que se seguiu a fuga de Barroso, o desastre de Santana e a incapacidade de Sócrates. Todos eles, em maior ou menor escala, contribuiram para este panorama desolador. Resta lembrar que, todos eles, pertencem aos partidos que desde 1976 nos têm governado: o PS e o PSD. É bom que os portugueses tenham memória e a usem nas eleições marcadas para 2009. Depois, não podem dizer que não sabiam...
1 comentário:
Bom ano 2009, dentro do possível, caro Rui e "não se Calem" (mas levantem os cálices na mesma).
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