2009/02/11
É difícil perceber como é que a força e convicção do discurso de Wafa Sultan, psicóloga árabe-americana de Los Angeles, pôde ir para o ar na Al Jazeera, estação de TV com patrocínio islâmico.
Trata-se de uma visão bem original das coisas, que repõe a questão do "choque de civilizações"; segundo Wafa Sultan foram os muçulmanos que começaram esse choque ao separarem o mundo em muçulmanos e não muçulmanos, arvorando-se aqueles a missão de combater os outros até à sua conversão.
Quando ela diz que não é crente, logo um dos intervenientes diz que não há diálogo possível, pois ela é uma hereje que blasfema contra o Islão, o Profeta e o Corão.
Assim colocadas as questões no campo do dogma, realmente o diálogo não é possível.
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1 comentário:
Esta discussão da Wafa Sultan com o "mullah" já há algum tempo que anda na NET. É, de facto, uma posição corajosa, ainda por cima defendida por uma mulher. Já a questão do "choque de civilizações", que esteve na "moda" após o 11 de Setembro, acabaria por ser renunciada pelo seu próprio teórico. Nem o Islão é uno e tem, por isso, várias interpretações; nem as outras religiões monoteístas (cristianismo e judaísmo) são melhores. Todas as "religiões do livro" são, por definição, dogmas e podem ser interpretadas de diversos modos. Que existem correntes mais radicais e mais pacíficas é conhecido. O Bush é cristão e isso não o impediu de provocar das maiores guerras deste século...
No fundo, a grande diferença prende-se com a secularização já observada nas sociedades ocidentais e onde o estado foi separado da religião; e as sociedades autocráticas onde o estado se confunde com a religião. É destas últimas (Irão, por ex.) que a Wafa fala. É uma questão de tempo, talvez gerações, mas a própria influência da cultura ocidental irá tornar as sociedades islâmicas mais democráticas. O que é, certamente, uma má receita, é querer influenciar o percurso dessas sociedades e impôr democracias à bomba. Não resultará.
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