2009/03/17

Uma boa anedota

Acontece a toda gente não conseguir reproduzir uma anedota verdadeiramente boa, ouvida apenas há breves instantes. O facto ficar-se-á a dever, segundo um artigo do NYT que cita investigação feita sobre esta matéria, ao modo como funciona o nosso cérebro. Estamos formatados para perceber e recordar com facilidade padrões previsíveis (dois vezes um, dois... dois vezes dois, quatro... dois vezes três, seis...), mas se o padrão for alterado aumenta a dificuldade em ir buscar a recordação à nossa memória de curto prazo. Se a lenga-lenga fosse alterada de número para número, por exemplo, as dificuldades para aprender a tabuada seriam muito maiores.
As boas anedotas são as anedotas imprevisíveis, que fingem seguir um padrão conhecido, mas depois, subtilmente e através de um controlo fino do ritmo, vão numa outra direcção, totalmente inesperada. A gente ri muito na altura, a explosão emocional é grande, mas, num momento, não sobra de tudo isso mais que uma vaga recordação.
Isto tudo porque um bom contador de anedotas, tal como um ilusionista, conduz a nossa atenção através deste mecanismo da previsibilidade subvertida em direcção a um facto qualquer central, enquanto nos distrai de outros acontecimentos periféricos. A boa anedota, a anedota que nos faz rir, mas que a gente esquece logo de seguida, é pois aquela que parte da nossa expectativa e a desvia sem darmos por isso para um final inesperado.
Alguém se lembra da anedota excelente que o primeiro ministro contou no seu discurso de tomada de posse, que nos fez rir tanto na altura?

3 comentários:

Anónimo disse...

Olaré, Carlos Augusto! Infelizmente, para os portugueses, teve um remate ao contrário!Daqui a mais, enquanto eles comem o bacalhau e a lagosta que nós pagamos e apenas "cheiramos"(de longe, como os fotógrafos da Com. Social, que foram a Espinho) nós, dizia eu, estaremos a "comer baba e ranho", como os portugueses retratados por STTAU MONTEIRO, na sua obra!

Carlos A. Augusto disse...

Esperemos que ainda sobre baba e ranho...

Anónimo disse...

Fiquei sem perceber se é o primeiro ministro que é uma anedota, ou se somos nós que nos deixámos levar pelo riso. Em suma, fiquei sem perceber quem é a anedota...