2009/05/12

A Europa deles

De acordo com as mais recentes sondagens, 60% dos portugueses não pensa votar nas próximas eleições europeias de Junho. Interrogados sobre a razão da sua abstenção, 37% responderam que as eleições europeias não têm interesse. Na Europa, propriamente dita, a percentagem de abstenções não difere muito da portuguesa e esse é um motivo que devia preocupar os eurocratas que nos representam. Lamenta-se, mas percebe-se.
Quem ontem viu o "debate televisivo a 13", onde pela primeira vez puderam estar presentes todos os candidatos partidários registados, pode perceber a razão deste desinteresse. Para os partidos maioritários (PS e PSD) a Europa é uma questão tão "evidente" que já não merece discussão. Para quê referendar o Tratado de Lisboa se o "povo" não o entende? Para quê referendos, se Portugal nunca referendou nenhuma Constituição ou Tratado na história da União?...
Moreira, o vital pavão socrático, chegou ao ridículo de dizer que os portugueses nunca foram chamados a referendar nenhum dos grandes momentos da sua história; desde o 25 de Abril (!?) à Independência...Estaria ele a referir-se a 1143? Porquê, esta obsessão com o referendo, agora? Não ocorreu ao constitucionalista de Coimbra que a Constituição Portuguesa foi modificada de forma a permitir tal referendo e, mais importante ainda, que este foi uma promessa eleitoral do partido que Vital representa na Europa? A arrogância e o desplante dos "partidos do centro" (em Portugal, como no hemiciclo europeu) face às exigências e direitos democráticos das populações que supostamente representam e são frequentemente silenciadas, não têm limites. Quando, algum dos países membros não respeita o "guião" do politicamente correcto - caso da Holanda e da França em 2005 e da Irlanda em 2007 - aqui d'el rei que a União está em perigo! Nessa altura não se poupam esforços para trazer a "ovelha tresmalhada" para o rebanho. A Irlanda votará quantas vezes for necessária até que o "sim" à Europa seja obtido. Bonita democracia, esta!
Se alguma coisa o debate de ontem provou, pesem os esforços manipuladores da apresentadora mais interessada em dar a palavra aos grandes partidos, foi a recusa dos restantes onze candidatos em participar na farsa europeia proposta pelo PS e pelo PSD. A Europa que os grandes partidos querem não é, de certeza, a dos cidadãos. Resta, agora, aguardar o dia da votação para confirmar se a penalização do "bloco central" é uma mera especulação, ou se confirma o desencanto geral.

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

Algo me diz que, apesar das sondagens, vai haver muita azia depois de se conhecerem os resultado das eleições para a Europa... A par das máscaras anti-gripe suina-mexicana, a ministra da saúde vai ter de reforçar significativamente os stocks de pastilhas rennie.
Ou seja: as sondagens ainda são a parte mais optimista deste primeiro processo eleitoral...