O episódio da troca de insultos na AR não é só grave pelas razões substantivas que todos tivemos oportunidade de conhecer. O que me choca não é ver membros de um orgão de soberania usando, de forma ostensiva, métodos e uma linguagem próprios de moços (e moças!) de estrebaria. O que me deixa seriamente apreensivo é imaginar que esta gente tem poder para tratar de assuntos que influenciam profundamente o dia a dia de todos nós.
Não deixa de chocar também que o Presidente da AR se limite a esperar que os deputados envolvidos neste caso moderem a linguagem, e não deixa de chocar que os outros deputados, instados a comentar o que se passou, respondam tentando branquear, uns, estas situações e chutando, outros, para a comunicação social a responsabilidade de relevar estes actos em detrimento do que, supostamente, de bom se passa na AR. Ou, tantos outros ainda, se calem.
A verdade é que podemos legitimamente perguntar: se estes deputados demonstram uma tal falta de controlo pessoal e de princípios, e os outros se calam ou assumem uma atitude de um corporativismo caricato, é de esperar que exerçam as suas funções de forma competente?
Não se trata de um fait divers. É um problema grave que merece a tomada de medidas exemplares.
5 comentários:
Porque é que "eles" haviam de ter juízinho, se não há "massa crítica" em Portugal e o povão gosta do circo? Obviamente, que tudo vai continuar na mesma, por muitos e bons anos.
Carlos Augusto: a nossa divida pública é 112% do nosso PIB! A nossa divida externa corresponde a cerca de 90% do nosso PIB! O desemprego caminha a paços largos para atingir os 15% ! E você preocupado com uma qualquer deputada ter chamado palhaço a um qualquer deputado, numa qualquer "instituição" que, por mero acaso, ainda se chama Assembleia da República. Você viu a deputada? Você viu o deputado? Então ainda acha que aquela gente merece respeito. Como estamos na época dele, você já escreveu a sua cartita ao Pai Natal? Olhe que há pai Natal, olhe que há...
E, já agora, há aquela máxima que diz "não há dinheiro, não há palhaços". Em Portugal, pelos vistos, quanto menos dinheiro há, mais palhaços aparecem.
Anónimo,
Os seus dados estão ligeiramente inflacionados. A dívida externa são 81% do PIB e o desemprego registado é de 10,2%. Eu sei que há mais desempregados do que os que estão registados, mas estes são os números. A dívida pública está certa. Uma questão de rigor, como deve perceber.
Rui Mota: eu escrevi, em relação oa desemprego "caminha a paços largos para atingir os 15%". Infelizmente, veremos...
Em relação à divida externa, os 81% oficiais do governo não contemplam as empresas público/privadas nem a banca. Senão, o meu número ainda seria curto. Não vá só pela propaganda, Rui!
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