2010/05/06

A Corporação

Passadas mais de 24 horas sobre a transmissão das imagens que mostram o furto de dois gravadores por um deputado do PS em pleno parlamento, o partido que mais se reclama da ética republicana continua a defender um acto indefensável, qualquer que seja o ponto de vista em que nos coloquemos. De Soares a Assis, de Gama a Maria de Belém, todos procuram uma justificação para algo que deviam ser os primeiros a condenar. Chega a ser patética esta forma de corporativismo, só possível em países com um fraco nível de tradição democrática e onde os detentores de cargos públicos confundem o poder que representam com absoluto poder. Em qualquer democracia avançada, Ricardo Rodrigues, caso não tomasse a iniciativa de pôr o lugar à disposição, seria obviamente demitido, única forma de preservar a honra da sua bancada. Ao recusar criticar explicitamente o seu deputado, o Partido Socialista não só não contribui para melhorar a imagem de um parlamento desprestigiado, como mostra o seu lado mais tenebroso: o de uma agremiação com tiques mafiosos que não olha a meios para atingir os seus fins. Quem pensa esta gente que é?

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

Não esquecer também a defesa acalorada dos voos razantes da deputada Medeiros feita pelos PS e seus apêndices.
Não havendo questões substantivas de regime que estejam em causa, não havendo hostilização, marginalização ou discriminação do PS por parte de quaisquer obscuras forças anti-democráticas, este "cerrar de fileiras" do PS cheira a incapacidade política, a desespero e a corporativismo tachista.
Estou inteiramente de acordo com o post. Tudo isto é patético e revelador de que este PS é de facto, neste momento, o cancro do regime. Estão a precisar de ir até às termas e quanto antes...