2010/09/22

De Queiroz ao FMI, passando por Mourinho

O folhetim do seleccionador nacional entrou numa nova temporada. Vale a pena pensar no que foi a temporada anterior.
Creio que foi o major Valentim Loureiro que disse uma vez que o futebol não é mais que um reflexo do país. Se não foi ele foi alguém do género. Temos de admitir que o personagem tinha nisto alguma razão. Não se podem atribuir ao futebol nem todos os malefícios das suas derrotas, nem todas as virtudes dos seus sucessos. Mas, o futebol espelha de facto o País e este episódio Queiroz é disso exemplo.
Em todo este processo se vê a mesquinhez, a invejinha, o resíduo inquisitorial do poder, a leviandade com que os portugueses nele investidos tratam os seus concidadãos, o que é a justiça e o respeito pela lei das instituições que têm de velar por tudo isto. O que é e para que serve o Estado Português, em suma.
Em todo este processo se vê também a insolência do poder e como este (este ou qualquer outro poder, seja político ou institucional, como foi e é o caso da Secretaria de Estado da Juventude e Desportos ou da Federação Portuguesa de Futebol) trucida, com total leviandade, as pessoas no seu continuado e nunca verdadeiramente questionado livre arbítrio. Uma vez conquistado o "poderzinho", vale tudo. No "enterro" de Queiroz, mas também no "convite" a Mourinho se vê como não passamos todos de peões perante os poderes conjunturais que tudo e todos tentam manipular, seja qual for o nosso estatuto, seja qual for o nosso ramo de actividade.
O Estado em Portugal continua, séculos depois da revolução cidadã, a ser eu. Ou, numa versão mais colorida e, sem dúvida, mais fiel, "eu é que sou o presidente da junta!"
Em todo este processo se percebe também que perante as necessidades mais sérias deste país a resposta continua a ser D. Sebastião, chame-se Mourinho ou FMI. Em qualquer caso, no futebol como na economia, a qualificação de Portugal está em risco.
Queiroz foi engolido. Mourinho foi ingénuo e esteve quase a entrar na escala de serviço para o ser. Apenas me consola a ideia de que o FMI, se cá viesse, iria certamente sair de mãos na cabeça jurando nunca mais cá voltar. Nem de férias!

1 comentário:

Rui Mota disse...

Nunca mais chega o FMI, para pôr esta choldra na ordem...