Agora que Cavaco Silva se preparava para anunciar a sua (re)candidatura a Belém e o que menos desejaria era falar, eis que a realidade se impôe à estratégia presidencial e o obriga a tomar posição sobre a actual crise. Falhadas que foram as conversações entre os dois maiores partidos sobre o OE, mais não resta a Cavaco do que tentar o impossível que é, neste momento, evitar a entrada do FMI em Portugal.
Com uma economia a crescer abaixo de 1%, uma dívida externa correspondente a 80% do PIB e a pagar uma taxa de juro de 6,2% (a maior, na Europa, depois da Irlanda) tudo aponta para que, dentro em breve, Portugal ultrapasse os 6,4% da Grécia, o "momento" em que o FMI "entrou" naquele país. Os resultados estão à vista e não consta que os gregos tivessem ficado melhores com a terapia de choque que lhes foi aplicada. Para já, e no que diz respeito a Portugal, com ou sem Orçamento, as previsões económicas para o próximo ano são ainda piores do que as actuais: congelamento de salários, aumento de impostos, aumento de desemprego, desempregados de longa duração sem meios de subsistência, redução de prestações sociais, redução de comparticipações em medicamentos. Estas são algumas das medidas que têm em vista reduzir o "déficit" que ultrapassa actualmente os 9%. Mas, estas medidas não vão chegar. E porquê? Porque a despesa do estado continua a crescer e, como não há dinheiro para pagá-la, teremos de pedir mais dinheiro emprestado, o que fará aumentar a dívida e os respectivos juros...
Como explicam os analistas económicos todos os dias na televisão, sem aumento da produtividade não há aumento de riqueza e, sem esta, não haverá maneira de distribuir melhor e pagar a dívida que tornar-se-á, a prazo, insustentável. Perante esta verdadeira quadratura do círculo, gostaríamos de saber o que diz o economista Cavaco, pois o Cavaco presidente já sabemos o que pensa.
2 comentários:
Você tem uma bela escrita..
Espero poder te visitar outras vezes...
Mande sempre, Uau!
Enviar um comentário