2011/02/15

O dedo e a lua

Anda o país em "polvorosa" por causa de uma canção dos "Deolinda" e da moção de censura anunciada pelo Bloco de Esquerda. Não está em causa a "correcção política" de qualquer das intervenções, uma mais artística, outra mais política, ambas discutíveis na forma, mas interessantes no conteúdo. Independentemente do que cada um possa pensar da estética de intervenção dos Deolinda, ou da oportunidade da moção anunciada, uma coisa é certa: o desemprego é galopante, os falsos recibos verdes são uma prática comum e os novos desempregados têm a melhor formação das últimas gerações. Só licenciados são 50.000! Um maná para os empregadores que podem contratar estagiários e tarefeiros ao preço da "uva mijona". Esta é que é a realidade.
Logo, algo está errado neste modelo de desenvolvimento e não é culpa da crise actual (que tem as costas largas!), muito menos dos Deolinda ou do BE, quando todos os anos saem milhares de jovens das universidades, muitos deles com mestrados e doutoramentos, aos quais nada mais resta do que emigrar para outro país. Também não nos parece uma inevitabilidade que tal aconteça, pois há muito tempo que as "cassandras da desgraça" vêm alertando para uma estratégia (!?) suicida do mau aproveitamento da nossa melhor matéria, os recursos humanos.
Como sempre, os jornais fazem "manchete" do que não interessa e os papalvos lêem os títulos e acreditam. Cada um acredita no que quer. Até nas notícias que não interessam. Como diz o provérbio chinês, "olha para a Lua e não para o dedo que para ela aponta".

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