2011/09/16

Da gravidade das palavras

O Tribunal de Contas detectou a situação da irregularidade das contas na Madeira em Abril passado. O governo, decorridos meses, veio, pela voz do Ministro das Finanças, definir esta situação, numa conferência de imprensa que teve lugar no mês passado, de crise grave. Insustentável, disse mesmo. Agora é o INE e o BdP que consideram grave o desvio detectado nas contas. Depois de tudo isto, depois de Juncker se ter confessado surpreendido e enquanto Ollie Rehn mostrava o semblante grave perante as notícias do empenamento da Madeira, de repente, até o Primeiro Ministro classifica o que se passa na Madeira como "uma irregularidade grave." Imperdoável, diz mesmo. Os partidos, da direita à esquerda, consideram também esta situação grave.
Grave é... grave. Ou não será?
O responsável por toda esta gravidade acha que não, que tudo não passaria de um agudo sentido de gestão. E promete continuar.
Por outro lado, numa clara demonstração de solidariedade para com o povo mártir da Madeira e o seu líder incontestado, o senhor Silva —também conhecido por Presidente da República—, personalidade a quem compete, segundo o nº 134 da Constituição da República Portuguesa, "pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República" (e esta, todos aparentemente concordam, é grave!), não vê, ao que tudo indica, qualquer gravidade em tudo isto e lembra-nos mesmo, a propósito, que "ninguém está imune aos sacrifícios que são pedidos a Portugal, para cumprir os compromissos assumidos internacionalmente."
Por outras palavras, o Presidente da República parece estar a querer dizer para tirarmos o cavalinho da chuva perante a necessidade de intervir neste caso, e lembra, de forma contorcida, que é aos eleitores portugueses que cabe pagar solidariamente os desmandos do régulo da Madeira, apesar de não terem a possibilidade de correr democraticamente com ele e apesar de existir o perigo real de os eleitores madeirenses o virem mesmo, em breve, a confirmar no cargo (Passos Coelho cede-lhes a incumbência de lhe continuarem a dar ou de lhe retirarem a confiança política), deixando-o assim prosseguir livre e impunemente a sua tresloucada caminhada.
Giro, isto!

7 comentários:

rui mota disse...

Talvez agora os portugueses percebam porque é que os alemães não querem pagar a nossa dívida...é a mesma coisa: uns a gastarem (a Madeira) e outros a pagarem (o continente).

Carlos A. Augusto disse...

Infelizmente, não me parece tratar-se de situações comparáveis. De qualquer forma, a questão aqui é outra totalmente diferente (e válida também para o caso alemão...):
1- Irão ou não os juízes de todo este imbróglio, que já classificaram unanimemente de "grave", agir?
2- E agir significará cortar o mal pela raíz ou aplicar uma simples multa de 25 000 euros ao rei da poncha, como a lei parece simplesmente determinar, que até pode acabar por lhe ir parar aos bolsos?
Essa é a questão principal para nós. A outra, a "moral" é para analisar, claro, mas levando-a até às últimas consequências.

Anónimo disse...

Vocês aqui neste blog fazem caixa de ressonância das noticias da TSF e outros orgãos de comunicação !
Comentam os comentários das noticias !
Para quem não tem nada que fazer é pode ser um bom passa tempo!

Se querem transmitir alguma coisa com valor , deixem-se disso e investiguem as ligações dos sucessivos lideres dos partidos à Maçonaria, opus dei e Igreja, como é o caso do Dr Alberto João.
Vejam como determinadas organizações arrranjam fundos publicos e como promovem a politica, atravês dos media !
Vejam como os lideres são escolhido e como é feita a propaganda!
Vejam como as eleições são jogadas pelos partidos e candidatos de forma a ganhar sempre o escolhido!

Estudem porque que promoveram o DR Nobre para se candidatar a Preisdente da Republica e como aconteceu nas Eleições anteriores com o Soares e o Alegre que dividiram os votos para ganhar o CAvaco !

Se estudassem esta matéria edivulgassem as conspirações que os traidores à patria ( politicos ) fazem todos os dias.
Se divulgassem os reais objectivos dos lideres sindicais, como surgiram e qual o seu passado !
Assim ajudavam o povo português a compreender os traidores !

Como não o fazem , ou por cobardia ou por ignorância, passam o dia com conversas da treta!

Uns milhões para aqui outro para ali , etc!

Carlos A. Augusto disse...

Já agora Rui, vê aqui como reagem os gregos ao "sistema alemão" para resolver a crise...
Infelizmente, os alemães não vão ter possibilidade de exportar a sua tecnologia, provadamente eficaz, para resolver os problemas pelo fogo. Na Grécia é tudo um bocado mais "roots"...

Carlos A. Augusto disse...

Pois é Anónimo, para conversa da treta, comentário da treta. Estamos então bem uns para os outros.
A tarefa que sugere aqui está para além das nossas capacidades, da disponibilidade de tempo e do papel que, pelo menos eu, me vejo a exercer ao escrever para o Face.
Mas, também lhe digo que não descobriu a pólvora, como arrogantemente pretende dar a entender. Em primeiro lugar, toda essa matéria "quente" que aqui dá a entender que conhece (conhecerá?) é segredo de Polichinelo. Não percebo onde está a novidade. Resta prová-la...
Em segundo lugar, há muito que falamos na necessidade de ir mais além (mas a sério!, não ir mais além com "revelações" que parecem não passar de ressonâncias de outras caixas...). E há muito que gostaríamos de poder fazer mais. Faz-se o que se pode e já não é pouco.
Mas, se o Anónimo quiser despir o "anonimato" e revelar todas essas "novidades" tem aqui tribuna garantida... Sempre às claras! Anónimos, nem nos alcoólicos...

rui mota disse...

Apesar dos momentos históricos conhecidos (Vietnam, Praga, Tibete), a imolação nunca me pareceu uma maneira muito heróica (mas desesperada) de protestar. Imolação por imolação, prefiro aquela que causa danos directos ao inimigo. Mal, por mal...
Já sobre a "Maçonaria" e as sugestões do "anónimo", também estou de acordo que a força das "irmandades" é maior do que possa parecer. Basta ler o livro de Rui Mateus sobre o "polvo" do PS, para perceber isso. O problema é que os partidos do governo só governam porque os portugueses votam neles...se o "povo é sereno" como mudar a realidade?

S. Pedrosa disse...

Concordo mas! É tempo de responsabilizar os madeirenses e os continentais. Os madeirenses sabem, tem de saber que os desmandos de Jardim de que beneficiaram umas migalhas foram feitos à custa do bolso dos continentais. Os continentais sabem, tem de saber que os desmandos que por cá se fizeram e de que beneficiaram umas migalhas, foram à custa da "Europa". Uns e outros nunca se quiseram convencer de que um dia a factura surgiria e teria de ser paga. Quanto a Jardim, um acrescento. E a graça que achavam à buçal criatura. Vá lá porque se não riem agora? O senhor anónimo apenas se deve remeter ao anonimato. Quem não tem coragem para assumir o que afirma, porque se não cala.