2011/12/26

A fé remove montanhas

Passos Coelho diz querer restaurar a confiança dos portugueses, promete mudança, anuncia um tempo novo. É tudo mentira!
São desejos aparentemente motivadores, são palavras fortes, mas é outro o seu valor facial. Suponho que a "confiança" que pretende restaurar seja a que os portugueses perderam inexoravelmente em si e no seu governo. Suponho também que a "mudança" que anuncia para 2012 seja em direcção a uma perseguição ainda mais feroz, mais dissimulada e mais cínica aos trabalhadores, agora que a sua prática —a que gerou a tal desconfiança— lhe fez perder credibilidade, mesmo junto de alguns dos seus mais ferrenhos apoiantes. Suponho ainda que o "novo tempo" que quer ver implementado seja o da instalação dos seus láparos para consolidar este trabalho prévio de teste à resiliência dos portugueses perante a tentativa de destruição do país em curso.
Não percebo como é que com a mesma corrupção, os mesmos protagonistas, os mesmos maus exemplos, as mesmas desculpas, as mesmas irresponsabilidades, a mesma impunidade, as mesmas práticas, as mesmas tentações e os mesmos pecados, sem um plano, sem um pensamento fundador que se possa perceber, mesmo lá muito ao longe, no seu discurso, o senhor Primeiro Ministro quer demonstrar que é capaz de mudar o que quer que seja.
A observação é válida, de resto, também para os seus ministros e afins. O "cientista" e o "economista" (e, lá no fundo, vê-se mal porque está desfocado, o "escritor"), por exemplo, parecem ter esquecido a "teoria" toda que os conduziu ao seu presente estatuto. Não o dignificam. A reflexão que produziram sobre as suas áreas de especialidade foi toda pelo cano abaixo. Agora é tempo de levar a teoria à prática e executar o papel que lhes foi distribuido: manter a mesma corrupção, os mesmos protagonistas, os mesmos maus exemplos, as mesmas desculpas, as mesmas irresponsabilidades, a mesma impunidade, as mesmas práticas, as mesmas tentações e os mesmos pecados, a mesma falta de plano e de um pensamento fundador... sem dinheiro.
Talvez tudo isto não passe então de uma questão de fé. Não me surpreenderia se viéssemos a ver Passos Coelho, acompanhado pelas câmaras da tv, arrastando-se um destes dias de joelhos até Fátima na esperança de que a coisa mude e a confiança volte, enquanto canta "Ó tempo volta p'ra trás..."

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