2012/05/23

Os números da felicidade

De acordo com o último relatório da OCDE, a recessão, em 2012 e 2013, não só vai continuar como piorar em Portugal. Nos quatro principais indicadores avaliados (variação do PIB, variação do consumo privado, taxa de desemprego e défice público) os números da OCDE são todos piores do que as previsões do governo português: Variação do PIB: Governo (0,6%), OCDE (-,09) Variação do Consumo Privado: Governo (0,7%), OCDE (-3,2%) Taxa de Desemprego: Governo (14,1%), OCDE (16,2%) Défice Público: Governo (3%), OCDE (3,5%). Perante tal diagnóstico, a organização internacional recomenda mais medidas de austeridade ao governo português, única forma de Portugal conseguir obter as metas exigidas no Memorando da Troika. Ou seja, se esta receita não curou o doente, aplique-se uma dose cavalar, para ver se ele recupera. O perigo, já sabemos, é o doente morrer da cura. Não seria a primeira vez e, que nos lembremos, esta receita só resultou com uma ditadura, no Chile de Pinochet. Interrogados sobre estas projecções, os membros do governos apressaram-se a relativizar a gravidade dos números, declarando que estes "estavam errados". Talvez, mas não seria a primeira vez que organismos internacionais, como a OCDE, a Eurostat ou o FMI, vêm corrigir, em baixa, as previsões governamentais portuguesas. Perante tal cenário, não é de admirar que no "índice europeu da felicidade" (ontem mesmo divulgado), os portugueses, certamente mais preocupados com a sua sobrevivência e por isso mais pessimistas, ocupem o penúltimo lugar em 36 países. Em primeiro lugar está (uma vez mais) a Dinamarca e, em último, a Turquia. Sabendo que o primeiro país é um dos mais ricos e equilibrados da Europa e que o último é um dos mais desiguais, não devemos estranhar que entre a percepção do que é felicidade e a qualidade de vida, haja uma correlação evidente. E, se é verdade que o dinheiro não traz felicidade, lá que ajuda, ajuda...os dinamarqueses que o digam!

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