2013/01/10

Here we go again...

Desenganem-se aqueles que pensam que a economia portuguesa vai voltar a crescer nos tempos mais próximos ou que haverá aumento de emprego por via de investimento feito no nosso pais, única forma de criar riqueza para sair da recessão actual.
Como se não bastassem as medidas de austeridade aplicadas no último ano e meio, que deixaram o cidadão comum a “pão e laranja”, veio ontem o governo anunciar mais um “pacote” de medidas de “ajustamento” (gosto desta palavra) sugeridas pela Troika. As sugestões são de tal modo gravosas que, a serem aplicadas, nos conduzirão à idade das trevas. Provavelmente, é esse o desejo do governo, ainda que não seja de descartar a hipótese de tudo isto não passar de um balão de ensaio para avaliar a reacção da população. Outra hipótese, é a coligação governamental estar a fazer um “tour de force” preparando desta forma uma “demissão honrosa”, caso o Tribunal Constitucional venha a chumbar o OE para 2013. A probabilidade de que, em seu lugar, surja um governo de inspiração presidencial (tecnocrático ou partidário), para prosseguir esta politica suicida, como foi tentado na Grécia (com Papademos) ou em Itália (com Monti), não deve tão pouco ser descartada, quando conhecemos o histórico do FMI em situações semelhantes.
Obviamente que, eleições antecipadas, poderiam, teoricamente, dar a possibilidade aos eleitores de se pronunciarem sobre a justeza e a lógica da actual austeridade. Poderia, inclusive, dar a vitória ao maior partido da oposição, o que não significa que este possa obter uma maioria confortável para governar e, eventualmente, renegociar as condições da “dívida soberana”. Essa força só poderia surgir de um governo de coligação que estivesse verdadeiramente interessado em defender os interesses de Portugal, sem se vergar ao “diktat” da Alemanha e do FMI, coisas que o actual PS não parece estar em condições de fazer, muito menos se não fizer uma aliança à esquerda. 
Estamos pois, perante um dilema, para o qual não se vislumbram soluções fáceis ou de curto prazo, agora que a população foi de tal forma aterrorizada que parece aceitar todas as medidas impostas por este governo. Quando terminar o “ajustamento”, o pais não estará melhor, mas pior, como todos os índices o provam. Ora um pais pior, será um pais mais vulnerável e sujeito a pressões inaceitáveis por parte daqueles de quem dependemos: os credores e as instituições bancárias que nos financiam para pagarmos as dívidas aos primeiros. Um ciclo vicioso que, conduzirá a mais recessão e a um eventual segundo resgate para pôr as contas em dia...Mas, alguém acredita ser esta é a receita para sair desta crise?  Obviamente que não e, mesmo dentro da coligação, as primeiras fissuras são já visíveis. Provavelmente, vamos assistir a mais vozes discordantes, vindas agora de notáveis de ambos os partidos, o que pode originar uma nova realidade: a da implosão do governo, provocada pela insatisfação dos seus próprios membros. Que seja amanhã!

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