Muita gente ilustre se tem manifestado contra a convocação do Conselho de Estado que neste momento decorre em Belém. Entre as razões para esta discordância, destaca-se a inoportunidade da convocatória e a agenda do conclave. Jorge Miranda vai ao ponto de classificar esta iniciativa como uma "tentativa desesperada" do PR face ao vazio político em que o país se encontra e António Capucho, antigo conselheiro de Estado, diz sobre os resultados expectáveis desta reunião que coloca "a fasquia um pouco em baixo."
As instituições do Estado desgastam-se com esta iniciativa imprudente de Cavaco Silva.
Carlos César vem hoje juntar-se ao coro de críticas, chamando a atenção para a coincidência da data desta reunião de um órgão superior do Estado (do qual faz parte por inerência o Presidente do Governo Regional dos Açores) com o Dia da Região Autónoma dos Açores. E classifica a ideia como uma "manifestação de ignorância."
Esqueceu-se Carlos César de valorizar o escarcéu institucional que o Estatuto Político-Administrativo dos Açores —aprovado em 2008, vetado duas vezes e finalmente declarado inconstitucional pelo TC— mereceu ao PR e do quanto ele se mostrou agastado, em tom dramático, por este "restringir o exercício das competências do Presidente da República."
Ele há instituições e instituições, regiões e restrições. "Restrições não, autonomia più meno!", parece querer Cavaco Silva dizer com isto...
Desespero, ignorância, fasquia baixa, são expressões que deixam antever que a reunião de hoje do Conselho de Estado já era um flop político antes de começar.
Que dizer então de um PR que sujeita estes importantes órgãos de Estado a um desgaste destes? Que dizer destes conselheiros que se sujeitam ao desgaste e que vão sair dali como entraram: politicamente più meno?
Há anos, Jô Soares tinha um engraçado sketch de inspiração política num dos seus programas (alguns estarão recordados), que terminava sempre com a expressão "vales zero." A iniciativa de Cavaco Silva e a resposta dos conselheiros a ela valem zero.
Cavaco Silva e os membros do Conselho de Estado valem zero! O povo não merece ser representado por nulidades.
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