Com estreia simultânea em diversas salas da capital, chegou finalmente a Portugal o aclamado documentário “Searching for Sugar Man” (À procura de Sugar Man”) um docudrama filmado pelo sueco Malik Bendjelloul, a partir de uma história relatada pelos sul-africanos Stephen “Sugar” Segerman e Craig Bartholomeu Strydom, editores dos álbuns de Rodriguez, um “sing songwriter” americano, idolatrado na África do Sul.
O filme, que teve a sua premiére no Festival Sundance de 2012, recebeu este ano o Óscar para o melhor documentário em Hollywood, o 66º British Award for the Best Documentary e o Bafta Award for Best Documentary 2012, tendo ainda passado em Lisboa, durante o último “DOCs”, onde teve boa aceitação da audiência e da critica.
Fazendo jus ao velho princípio de Hollywood “a good story, is a good story, is a good story”, Bendjelloul encontrou a história, que necessitava para o seu filme, ao ler um texto de Stephen Segerman (na contracapa de um dos álbuns de Rodriguez), onde este dono de uma loja de discos na cidade do Cabo, exortava os leitores do texto a procurarem o cantor norte-americano, autor de dois álbuns míticos que fizeram furor na África do Sul na década de setenta e que tinha, depois disso, desaparecido sem deixar rasto...
O desafio intrigou o realizador sueco que, juntamente com Segerman, decidiu pôr mãos à obra e iniciar a sua própria investigação. Depois de meses de procura e muitas peripécias (reconstituídas no filme) o acaso levou-os a uma familiar do músico dado como desaparecido, de quem se dizia ter cometido suicídio em pleno palco. Para surpresa dos dois homens, não só Rodriguez estava vivo, como se dispôs a colaborar no filme e a ir cantar à África do Sul, onde é idolatrado devido à popularidade das suas canções, usadas nas décadas de setenta e oitenta durante a resistência ao regime do “Apartheid”.
O documentário relata a procura do homem que toda a gente julgava morto e que, apesar do insucesso nos Estados Unidos (onde os seus álbuns tinham sido um “flop”) continuava a ser um herói na África do Sul, onde vendeu centenas de milhares de “bootlegs” que a juventude sul-africana conhecia e cantava de cor.
Uma história verídica, filmada em supper8mm, que alterna imagens reais e reconstituição dos principais passos da investigação, para retraçar o percurso de “sixto” Rodriguez, o sexto filho de uma família de emigrantes mexicanos, que passou ao lado de uma carreira musical, apesar da qualidade inquestionável da sua música e textos que, alguém no filme, compara aos de Bob Dylan.
Pesem algumas limitações técnicas, dados os constrangimentos orçamentais que obrigaram algumas filmagens a serem feitas com um IPod Camera especial, o documentário vale pela história e o exemplo humilde de um cantor e compositor magnifico que, apesar do seu desaparecimento, nunca foi esquecido e hoje, graças a este documentário, recebe o reconhecimento que lhe é devido.
Nota Final: Rodriguez, que continua a viver, humildemente, na sua casa de sempre nos subúrbios de Detroit, recebeu no passado dia 9 de Maio, um doutoramento “honoris causa” da Wayne State University em Detroit, pela sua contribuição para a música e poesia americana.
Vão ver este filme magnífico, baseado numa extraordinária história de um artista excepcional.
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