2016/09/08

Fogos há muitos...

De acordo com a opinião dos "experts", os fogos causados por incendiários (que existem) não representam mais do que 20% do total dos incêndios. Os restantes 80%, têm a ver com causas várias (desleixo, "queimadas", picnics, fogos de artifício, canas de foguetes, falta de limpeza das matas, difícil acesso para os bombeiros, etc...).
Em meses extremamente quentes, como Julho e Agosto, com ventos de Leste que aceleram a propagação das chamas, torna-se praticamente impossível controlar todas as "ignições", calculadas em centenas por dia. Um flagelo, que atinge outros países bem mais apetrechados que o nosso (Austrália, EUA/Califórnia, etc.). De qualquer modo, Portugal teve, só este ano, cerca de 100.000ha ardidos, mais do que a totalidade da última década (!?), correspondente a 2% da área florestal da União Europeia! Uma catástrofe ambiental e económica, com prejuízos para as pessoas e para a natureza.
Alguma coisa está profundamente errada neste modelo de combate ao fogo em Portugal, a começar pela prevenção que nunca é feita de forma sistemática e em tempo útil (leia-se, nos meses de Inverno e Primavera).
Resta acrescentar que não existe um cadastro actualizado de terras a Norte do Tejo, o que torna impossível responsabilizar os donos/herdeiros das terras que lhes pertencem. Dado que os custos de limpeza dessas terras são, normalmente, superiores à rentabilidade dos terrenos, os proprietários (muitos deles, absentistas) preferem deixar as terras ao abandono. 
Quando os vendem ou arrendam, as árvores neles plantados são, por norma, eucaliptos para a celulose (industria do papel) que são mais rendáveis. Ora, como é sabido, o eucalipto exige mais água (seca tudo em seu redor) e arde mais depressa. Outro desastre ambiental!
Deviam plantar árvores como o carvalho, o castanheiro, o sobreiro, o pinheiro e a oliveira, que são mais adequadas à morfologia do mediterrâneo. Isto é o que dizem os engenheiros sivicultores e os agrónomos que percebem da poda. Porque muitos destes técnicos (não esquecer os guardas florestais), e os serviços que tutelavam, foram extintos, estamos pior do que há 30 anos atrás. Com gestores da coisa pública medíocres, não vamos lá. Um país adiado...

1 comentário:

m´espanto às vezes, outras m´envergonho disse...

E a justiça não ajuda os incêndios ?