2017/01/30

Uma semana de Benelux (1)



Em viagem para o Luxemburgo, no âmbito da apresentação de um livro de memórias, aproveitámos para dar mais um "salto" a Amsterdão, a "dois passos" de distância...
Como era de esperar, o frio, nesta altura do ano, estava de cortar à faca. Valem-nos as aquecidas casas e espaços públicos, sempre em renovação constante de colecções para visitar e revisitar, ou não fosse a capital holandesa uma cidade-museu por excelência.
Lá fomos, no primeiro dia da nossa passagem por esta cidade dos canais, aqui e ali já meio gelados, a prenunciar um Inverno bastante frio, ainda que longe das temperaturas históricas que permitiam ligar, não há muitos anos, 11 cidades do Norte da Holanda através de diversos canais gelados.
O museu escolhido para iniciar o nosso périplo, foi o "Persmuseum" (Museu da Imprensa),  situado na Zeeburgerkade, um largo canal na zona Leste da cidade, perto do Instituto de História Social, um centro de documentação famoso pelo seu acervo, onde, e. o. documentos, podemos encontrar a acta da I Internacional assinada por Karl Marx, a maior colecção de publicações do movimento anarquista espanhol (ali guardado durante a guerra civil naquele país) e uma das colecções mais representativas de cartazes e publicações do PREC português, adquiridos pelo Instituto na década de setenta.
O Museu da Imprensa, está alojado no rés-do-chão de um bloco de apartamentos, virado para o Zeeburgerkade e é composto de três pequenas salas, divididas tematicamente por épocas e factos jornalísticos relevantes dos últimos 50 anos. A exposição temporária é dedicada ao cartoonista Peter van Straaten (1935-2016) recentemente falecido, a quem o Museu dedicou uma sala com uma selecção dos seus melhores "prints", publicados em alguns dos jornais de referência holandeses ao longo de quase meio século. Uma colecção única, representativa do "ar do tempo" em que a Holanda desafiava a moral vigente, sublinhada pelo humor que Van Straaten sempre emprestava aos seus desenhos. As restantes salas, incluem grandes painéis, com fotografias e textos de imprensa, alusivos a momentos singulares da política e vida social holandesa. Fotos históricas de políticos famosos que marcaram a vida do país nas últimas décadas: Den Uyl, Van Mierlo, Wiegel, van Agt, Lubbers, Brinkman, Wim Kok e Pim Fortuijn. Para além da galeria dos políticos, uma das salas inclui dez factos, escolhidos por outros tantos jornalistas, que marcaram as últimas décadas na Holanda: o movimento anarquista "Provo" (65), a revolução sexual (66), o casamento da rainha Beatriz (66), a 1ª crise do petróleo (73), a captura de um combóio por migrantes Molukkers (anos '70), as manifestações contra o nuclear (anos '80), a construção do metro (anos'90), a morte de Pim Fortuijn (2002) e Theo van Gogh (2004). 
Noutra sala, dez factos internacionais formam uma série escolhida por outros tantos jornalistas: a chegada à Lua ('69), a guerra do Vietnam ('72), a queda do muro de Berlim ('89), o ataque às torres gémeas de New York (2001), a guerra do Iraque (2003) e a captura de Bin Laden (2011) permanecem como as mais icónicas. Curiosos são os textos que acompanham as fotos, todos eles desmentindo as versões apresentadas pela imprensa da época.
A visita a este pequeno, mas simpático museu, passaria por um pequeno hall, onde está exposta uma colecção de desenhos e pinturas alusivas à personagem de "Zwart Piet", pagem de St. Claus (o Pai Natal) contestado pelo politicamente correcto actual.
O dia não terminaria sem um passeio de barco através dos principais canais da cidade, para admirar o Amsterdam Light Festival, a decorrer durante os meses de Inverno, onde são expostas diversas instalações multimédia, cujas cores se alteram ao longo do percurso. Excelente iniciativa, muito concorrida por turistas, apesar da hora tardia a que se efectua. O bom ambiente a bordo e o chocolate quente oferecido pela organização (uma fábrica de cerveja artesanal) contribuiriam para a boa disposição. A repetir.               

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