2017/10/01

Reflexões

Acabei de votar. Como habitualmente, na escola Alice Vieira, onde funciona a mesa de voto da minha freguesia (Águas Livres).  Hoje, como sempre em dias de votação, particularmente animada, com vendedores de "farturas" e de roupa de "marca", junto às portas da escola e da igreja em frente, donde saiam os fiéis da missa das onze, tradicionalmente a mais concorrida.
Lá dentro, a azáfama habitual, com as mesas de voto distribuidas pelas diversas salas dos edifícios que compõem a secção de voto onde, junto às urnas, os diligentes funcionários (muitos deles, conhecidos de anos anteriores) contribuiam para o bom andamento da votação.
De regresso a casa, cruzo-me com os diversos vendilhões, os da rua e os do templo, agora em animados grupos de convívio. Gostei do que vi. Resta aguardar pela noite e confirmar (ou não) uma boa participação eleitoral.
Ligo a televisão e ouço as notícias de Barcelona. Assisto, entre o surpreendido e horrorizado, que há 39 (trinta e nove!) feridos, alguns em estado grave, após confrontos com a polícia espanhola, que teria disparado balas de borracha, para impedir que os catalães pudessem votar em liberdade. Independentemente da opinião que possamos ter sobre o direito à independência da Catalunha, nada justifica tal violência, por parte de um poder centralizado que, apoiando-se em argumentos jurídicos, recusa o diálogo com os independentistas sobre um problema que é político.
Já tive mais certezas sobre uma Catalunha independente, mas nunca tive dúvidas sobre o direito à organização de um referendo, para ajuizar dos desejos do povo catalão. Se tivesse de escolher, apoiaria sempre esse direito, única forma de saber se a constituição actual é aceite pela maioria dos catalães. O mesmo, de resto, é válido para outras regiões europeias consideradas "problemáticas", como o País Basco ou, mais recentemente, a Escócia, que teve direito ao seu referendo.
Uma coisa é certa: se em Madrid pensam que é através da repressão que ganham os catalães para a sua causa, estão redondamente enganados: o mais provável é obterem o efeito contrário. Nada ficará como dantes, após o dia de hoje na Catalunha.
Nas eleições - escolha do povo - em liberdade, aplica-se o mesmo princípio dos clássicos: prognósticos só no fim. Aguardemos, pois, que o dia está para durar...

           

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

As declarações da alcaldesa de Barcelona sobre Rajoy e todo este process vergonhoso, são dignas de realce.