Sinagoga Portuguesa de Amesterdão |
Muito se tem falado, por estes dias, sobre os recentes motins em Amesterdão, por ocasião do jogo de futebol entre o clube local (Ajax) e o clube israelita (Maccabi Telaviv), a contar para a Champions League.
Após a indignação geral, causada pela violência inusitada entre adeptos dos dois clubes (onde a acusação de antissemitismo foi a mais citada) começaram a ouvir-se declarações e a dispôr de imagens, que permitem ajuizar com alguma distância o que realmente se passou. E o que se passou, não abona em favor das manifestações dos adeptos israelitas, conhecidos internacionalmente pela violência verbal e física em situações análogas, com está amplamente documentado. No entanto, as primeiras reacções aos acontecimentos nos Países-Baixos (e nos media internacionais) foi a de condenação imediata de uma das partes, no caso a perseguição aos adeptos israelitas após o jogo.
Convém lembrar que o "complexo de culpa" de muitos holandeses, pelo colaboracionismo com a ocupação nazi durante a 2ª guerra mundial, explica muito do apoio governamental à comunidade judaica da cidade (implícito no pedido de desculpas do rei ao governo israelita, logo após os motins da passada semana, ao declarar que os holandeses tinham "falhado o apoio aos judeus, pelas segunda vez"...),
Acontece que a prática dos sucessivos governos israelitas (desde 1967) não deixa margem para dúvidas, no que à estratégia sionista diz respeito: a ocupação permanente de territórios palestinianos, após a "guerra dos seis dias". O aumento constante dos colonatos na Cisjordânia, nos Montes Golã e na própria cidade de Jerusalém, é disso o mais claro exemplo.
No entanto, e após anos de informação unilateral, a opinião pública neerlandesa parece estar a mudar. Basta consultar a imprensa de referência dos Países-Baixos e os inúmeros vídeos que circulam pelas redes sociais, para constatar que há duas versões distintas dos acontecimentos em Amesterdão: foram os adeptos do Maccabi Telaviv, ainda antes do jogo, que começaram com as provocações (nas palavras do comissário da polícia Holla, em conferência de imprensa) seja através de palavras de ódio contra a população árabe, seja pelo derrube de bandeiras palestinas no centro da cidade ou por ataques a taxistas que recusaram transportá-los.
Que, após o jogo, tenha havido uma contra contra-manifestação e perseguições aos adeptos israelitas, por parte dos apoiantes do Ajax, não desculpa de modo nenhum o anti-semitismo implícito nessas acções. Ambos os actos devem ser condenados, os dos adeptos israelitas e os dos contra-manifestantes. Para que fique claro.
Só que, o "mantra" do anti-semitismo, começa a ser uma desculpa curta para o estado (sionista) de Israel, agora que a recente guerra em Gaza não desculpa a limpeza étnica levada a cabo contra a população palestina. Até porque, os árabes, também são semitas. Não perceber isto e querer confundir tudo, é não perceber nada do que se está a passar.
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