A publicação Página Um chama a atenção, na sua edição de 23/5, para um caso grave de incompatibilidade com a Língua Portuguesa. Algo que se passa lá longe, no Japão, a uma distância suficientemente confortável, para que a generalidade dos portugueses dela não tenha conhecimento.
Conta Pedro Almeida Vieira, o autor da revelação, que « na Exposição Universal de Osaka, em pleno 2025, (…) fiquei estupefacto com uma constatação: o pavilhão de Portugal optou por apresentar-se ao mundo sem uma única mensagem em português. Nas projecções que “recebem” os visitantes, apenas se lêem mensagens em japonês e inglês. Presumo que a palavra Portugal apareça como Portugal porque assim se escreve em inglês. »
O feito é da responsabilidade da AICEP, que coordena a presença do país neste evento.
O artigo pode ser lido, na totalidade, aqui.
No auge das nossas relações com o Japão, o japonês incorporava cerca de 4000 palavras de origem portuguesa. Hoje ainda são umas largas dezenas. A maior parte dos japoneses não o saberá, mas usa-as. Quem sabe, nas tais legendas que agora podem ser lidas, haverá alguma palavra japonesa com origem no português. Os portugueses, esses, desprezam a sua língua.
É a isto que estamos condenados: ter um bando de ignorantes (chamemos-lhes assim…) a gerir o país como se fosse um centro comercial, daqueles que proliferaram por aí, em determinado período fatídico da nossa história, mal iluminados, em que metade das lojas está fechada e a outra é constituída por uma padaria, um canto onde uma costureira arranja bainhas, um balcão vende cafés e salgados oleosos, outro vende tabaco e raspadinhas, ainda outro vende capas e cartões para telemóveis e mais coisas do género. Piroso, pretencioso, mesquinho, inútil, ignorante.
Este lindo serviço custou 26 milhões de euros, pagos pelo tuga, mas de onde o português foi banido. Com o beneplácito de um organismo que devia promover a presença do país no estrangeiro. Está nos estatutos. Estes dizem que a AICEP "tem por objeto o desenvolvimento e a execução de políticas estruturantes e de apoio à internacionalização da economia portuguesa." Obviamente que o deveria fazer través de todas as ferramentas essenciais, a começar pela língua. Ignorá-lo, silenciá-la deste processo, é isso mesmo: é ser ignorante. Onde fica Portugal em tudo isto?
Um nojo.
3 comentários:
"Allgarve: Europe's most western point", era o slogan da AICEP no tempo do Manuel Pinho ex-ministro de Sócrates...
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