2006/08/28

O clima é do povo?


Li no Público aqui há tempos que a missão ACEX recuperou amostras de sedimentos do Ártico, cerca de 400 m abaixo do leito oceânico. A análise destes sedimentos revelou que há 55 milhões de anos o clima naquela zona era sub-tropical. Nesta altura o efeito de estufa (originado pelo dióxido de carbono e pelo metano) causou um aquecimento global da água do mar que chegou a atingir em certos pontos os dez graus!
O tráfego rodoviário era, como se sabe, intenso há 55 milhões de anos... E os aerossóis, então, eram uma praga!

Todos os dias ouvimos informações sobre o aquecimento que se estará a verificar, como se de um fenómeno moderno se tratasse. Sem outro responsável para além do Homem.

A informação agora divulgada prova que estes complexos de culpa são ridículos, despropositados e dificultam, naturalmente, na minha opinião, as estratégias possíveis que podem conduzir a uma análise correcta deste fenómeno. Quantas vezes ouvimos ou lemos nós os escritos inchados de jornalistas, ambientalistas, políticos e outras criaturas a anunciar a catástrofe iminente e a lançar as culpas sobre o pacato cidadão que desconhecia até essa altura o tremendo "poder" que afinal tem para "alterar" tão profundamente a Natureza...?

PS- decidi juntar aqui este link a propósito deste tema que creio que vem a propósito... Hoje (06-09-14), a reboque da estreia do filme do Gore, lá veio nos jornais mais um montão de asneiras e lugares comuns a propósito de tudo isto. Espera-se uma série de suicídios em massa...

8 comentários:

Unknown disse...

Bom, o All Gore tem que ganhar dinheiro de alguma forma.
um abraço pelo blog, em especial ao Raúl, pois só hoje recebi a missiva da filhota para cá vir.

FB disse...

É verdade que muitas modificações climáticas ao longo da história da Terra (ou mesmo apenas das últimas dezenas de milhões de anos) nada têm a ver com as nossas actividades. Pode daí concluir-se que o CO2 que lançamos na atmosfera é inócuo? Claro que não! Bem pelo contrário, está mais que provado que são realmente as actividades humanas as principais responsáveis pela actual mudança climática. Não adianta enfiar a cabeça na areia e fingir que não é nada conosco.

Carlos A. Augusto disse...

Bom, para começar, este problema é de facto demasiadamente complexo para ser discutido num espaço deste tipo.
Mas, a expressão "está mais que provado" carece de prova! Há muita gente a contestar essas "provas". Que também têm direito aos seus 5 minutos de fama, embora as teses alarmistas vendam mais...
Por outro lado, eu não defendo que lancemos toneladas de CO2 para a atmosfera, nem o modo de vida baseado na queima de combustíveis fósseis.
Feitas estas duas ressalvas, quero dizer que o que me faz desconfiar destas teorias que "estão provadas" é uma outra questão, que, essa sim, está provada!
Se analisarmos as modificações climatéricas ao longo da história verificamos que as secas, os períodos glaciares, os aumentos brutais da temperatura, períodos de aumento e diminuição significativos do nível das águas do mar, etc, são uma constante. Alterações de clima, favoráveis e desfavoráveis, condicionaram a evolução das espécies e determinaram, ao longo da história da Humanidade, o florescimento ou o desaparecimento de civilizações inteiras.
O que determina essas modificações é um conjunto de factores que incluem a órbita terrestre, a inclinação do eixo e o efeito de precedência. Factores que a Humanidade não controla, nem creio que possa alguma vez vir a controlar.
Não estamos livres de virmos a atravessar períodos de alteração climatérica devida a estes factores com consequências absolutamente desastrosas. Nenhum especialista contesta isso.
Ora o que se passa é que ninguém pode provar (está provado!) que as alterações (se são de facto estatisticamente singificativas, isso é outro problema...) não sejam devidas a alterações do tipo que referi.
Quem pode assegurar que não estamos a atravessar mais um daqueles períodos de seca que destruiram o Ur, por exemplo?
Se, pelo contrário, vier aí uma nova época glaciar (e os nossos canhões estão virados para o CO2 dos motores de combustão interna...) eu quero ver como é que se aquece e alimenta os 6 biliões de seres humanos que hoje povoam a Terra. E se for uma seca daquelas de 100 ou 200 anos?
Quero eu dizer com isto que, na minha humilde opinião, estamos a olhar para o lado errado e a definir as estratégias erradas.
Alguém se pode dizer, com sinceridade, completamente esclarecido sobre esta questão?

Raul Henriques disse...

É uma verdade que o homem não teve qualquer influência sobre as modificações climatéricas ao longo da história da Terra; estas foram sobredeterminadas por fenómenos naturais. Além disso, é um facto não existirem verdades absolutamente indiscutíveis quanto à influência estrutural dos homens sobre as questões do clima.
Mas, do mesmo modo que o controle populacional ao longo da história da Terra se fez através de guerras e da peste e, nos dias de hoje, os homens podem criar mecanismos para que não continue a ser assim, acredito que apesar de haver "factores que a Humanidade não controla, nem creio que possa alguma vez vir a controlar", há outros, como a substituição das actuais formas de energia por outras menos poluentes, que podem ser objecto de uma atitude pró-activa. Porque, realmente "o CO2 que lançamos na atmosfera [não] é inócuo".
Por isso não estou nada de acordo com a atitude, que parece decorrer do escrito do meu companheiro de blog (embora não acredite, pelo que conheço dele, que seja essa a intenção), de que são forças externas a nós que determinam estas coisas e as pessoas não têm nada a ver com isso.
Porque isto desmobiliza os humanos, as pessoas concretas, das suas obrigações face às questões ambientais, já de si entre nós tão pouco acarinhadas, em virtude do "rasteirismo" quase a bater no fundo a que chegaram os portugueses.

Carlos A. Augusto disse...

Definitivamente, parece que o meu escrito não foi correctamente entendido...
Hoje vi um cartaz (creio que tirado do filme do Gore) que dizia qualquer coisa como isto: "Global warming: it's your fault!"
Ora é isto justamente que merece reflexão.
A principal fonte de CO2 será certamente a dos veiculos movidos com motor de combustão interna. Há quase 100 anos que se fala de veículos movidos a energia eléctrica. Nos anos 60, quando a investigação parou com o pretexto de que essa energia não era passível de utilização neste caso os designers comprometidos com as causas ambientais e os próprios ambientalistas falavam na altura (lembro-me de alguns) do caso dos veículos de distribuição de leite na GB que eram movidos a baterias e funcionavam há anos sem falhas...
A investigação nesse domínio parou. Foi retomada agora e aplicada no caso dos híbridos, mas a verdade é que durante anos foi boicotada pelas grandes companhias petrolíferas. Agora, com o petróleo a escassear e com a escalada de preços que se verifica lá vêm esses híbridos, que afinal eram viáveis...
Há carros movidos a baterias desde 1902!!! Porque raio o seu desenvolvimento parou?
Há até um documentário sobre isso, para aqueles que não sabiam, chamado "Who killed the electric car?"
Ora, eu nunca disse que defendo o aquecimento global, ou que o fenómeno não existe.
O que eu digo é que
1) não estamos a ser rigorosos quando dizemos que as causas para o aquecimento global assentam exclusivamente na queima de combustíveis fósseis (terão peso, mas ninguém ainda conseguiu provar que não há outros fenómenos naturais a ocorrer ao mesmo tempo, que no passado levaram a crises climatéricas bem mais graves e
2) se o fenómeno existe com efeito (há quem o conteste, mas nunca os vi na televisão com o mesmo tempo de antena que os outros...) a culpa é das companhias petrolíferas e dos construtores de automóveis equipados com motores de combustão interna. Não é seguramente minha, nem vossa! Teremos assim tanto poder de escolha relativamente aos produtos de que precisamos para a nossa vida. que alternastivas existem para nos deslocarmos? Nem na Carris a gente consegue mandar, quanto mais na General Motors!!!!
Portanto, antes de erguermos a bandeira do "aquecimento global" e antes de aceitarmos que a culpa é nossa, há que encontrar os verdadeiros culpados: os que exploram o petróleo e os que mandam nas companhias que desenvolvem equipamento que se baseia nessa fonte de energia...
My fault, my foot!!!

JPN disse...

Gostei do argumento à primeira, mais ainda à segunda. Como tu dizes, esta é uma questão sobre a qual poucos se sentirão totalmente esclarecidos. Fico contente de vos ver aos dois em versão blogue. Abç

Unknown disse...

O All Gore (com o seu programa/filme) tenta desesperadamente acordar algumas mentes, dorminhocas num deixa andar cego, surdo e mudo.
Mas o que o All Gore não percebeu é que o seu filme vai também ser visto por europeus.
E aqui está tudo tramado.
Já muitas vozes se levantam, escandalizadas pela simplicidade do ataque, pela mea-culpa exarcebada e pelo, afinal, tiro no pé.

Já tive o filme em casa (versão divx) e não vi mais do que os primeiros 10 minutos.
Acho que isso é demonstrativo.

Por outro lado, será que estamos perante mais um ataque da teoria/prática do medo?
O povo anda com medo. Os governos querem-no ainda mais amedontrado.
Eu sei porquê.

Carlos A. Augusto disse...

E na Antártida também...