A Holanda é um país onde o velho e o novo, a tradição e a vanguarda, o vestígio mais vetusto e o objecto mais futurista, convivem lado a lado, sem complexos.
Reflexo desta convivência é o modo como o território está ordenado. Há um contínuo paisagístico, do qual dificilmente se consegue extrair os elementos tradicionais que constituem os assentamentos humanos. Campo, cidades, infraestruturas de transporte, áreas de lazer, etc, desfilam de forma suave e constante perante os nossos olhos. De tal forma que, dificilmente, nos apercebemos onde começa uma unidade de território e termina a outra. A quinta que produz os lacticínios do dia, pega com o bairro onde mora o funcionário do ABN-AMRO, à beira de um canal, bordejado por um passeio para jogging, de onde se avista a auto-estrada que se cruza com a estação de caminho de ferro, que passa pela estufa que produz as flores para o mercado de Aalsmeer, que amanhã vão ser transportadas do aeroporto de Schipol --que fica mesmo ali!-- para todo o mundo!
Os contrastes, nesta paisagem só podem ser encontrados a um nível mais subtil. Estão na paisagem humana e, sobretudo, no âmago de cada indivíduo. O território holandês é como que uma grande sala de estar onde cada canto é desfrutado pelos seus habitantes, de forma íntima e intensa.
Uma lição, neste aspecto, para um mundo cada vez mais compartimentado e emparedado por obstáculos de toda a classe.
Portugal teria muito a aprender, se quisesse, com a Holanda (o inverso também é verdadeiro, mas esse comentário fica para depois...).
Ainda hoje, numa reportagem a propósito do encerramento da maternidade de Mirandela, todas as jovens entrevistadas afirmaram que não querem permanecer naquela sede de Concelho Rural de 1ª Classe. Virão para a cidade cheias de esperança de uma vida melhor. Mas, que esperança de uma vida melhor terá Lisboa, ou o Porto se Mirandela desaparecer do mapa?
Sem comentários:
Enviar um comentário