2006/10/22

Despenalização do aborto

Mais de metade dos portugueses em condições de votar afirmam que não irão pronunciar-se sobre a despenalização do aborto.
Eu gostava de ‘dizer bem’ de alguma coisa, mas os meus concidadãos não ajudam nada. Continuam a demitir-se.

3 comentários:

Ander disse...

Vale sempre a pena lá ir, mas acredito que o resultado vai ser exactamente o mesmo, porque nada em ninguém mudou.

Antonio Barbosa disse...

A questão, a meu ver, nao é o aborto SIM ou NÃO, mas a validade dos referendos versus povo inculto ou desanimado.
Aparentemente trata-se de um assunto polemico , baseado num direito que está em falta.
Parece-me PRIORITÁRIO clarificar a diferença entre quem diz NÃO por princípio (aínda que tacanho, mas que, aínda assim, merece o meu respeito) e quem ganha dinheiro com o NÃO de muitos.
Continuo a achar que o aborto é um problema de saúde pública que que se refugia em ilegalidades e uns quantos clinicos que ganham dinheiro por fora, enquanto o NAO se mantiver.
Acho, sinceramente que, antes de mais a JUSTIÇA tem que actuar sobre TODOS aqueles que ganham dinheiro graças ás ilegalidades. Aborto ou sem ser aborto. Quantos são beneficiados com as promiscuidades existentes entre Ordem dos Médicos e alguns médicos, contra os direitos a atendimento rápido e eficaz nas nossas urgencias.
Sou claramente a favor do SIM. Mas ganhar o SIM ao aborto será apenas uma migalha legal, no meio da conveniencia médica de muitos privados, que, em conjunto com a ordem, viciam as regras, em todas as areas de saude, a bem do que ganham e dão a ganhar, como se a saúde fosse apenas um negocio.
Com referendos destes, damos azo a que estas promiscuidades se mantenha, a troco de quase nada, sem consenso ético nem prático. Não deixa de ser um "entretem".
Quando a justiça acordar e fizer o que tem que fazer, estaremos, então, como cidadaos, aptos para referendar esta e muitas outras questões. Estou a favor do SIM, mas antes de mais, estou a favor de uma sociedade culta. E isso nao se referenda. Constroi-se. A partir de nós, sem faz-de-contas, nem demagogias a brincar.

Raul Henriques disse...

Parece-me haver uma confusão entre duas instâncias no teu discurso, caro António Barbosa. Uma é a judicial e outra a legislativa. Estas são completamente independentes no regime democrático em que vivemos. Portanto não se pode estar à espera de que sejam condenados todos os médicos que fizeram abortos para, depois então, se pôr à consideração das pessoas a mudança da lei.
É que entretanto, continuar-se-ia a permitir que as mulheres fossem condenadas pelo acto. Para não falar em que deve haver (decerto embora em minoria), entre os médicos, enfermeiros e parteiras que fazem abortos clandestinos, quem os faça por razões sociais.
O que é, pois, prioritário é mudar a lei.
E também não se pode ficar à espera de que o "povo inculto ou desanimado" se cultive ou se anime.
A lei que existe, esteja ou não a ser efectivamente aplicada, é injusta para quem tem de recorrer ao aborto, para não falar das condições em que se fazem nascer crianças, à partida muito propícias a que não atinjam os mínimos padrões de felicidade.
E é também injusta porque permite que, na clandestinidade, haja quem se governe e bem (entre outras coisas sem pagar impostos) à custa das suas proibições. Também sob este aspecto o sistema ficará mais justo se a despenalização ganhar.
A discussão agora terá de pôr-se ao nível da qualidade da pergunta e da campanha informativa a fazer.