Segundo o Público, o novo bispo do Porto afirmou durante a homilia pascal que "o melhor do que somos neste Velho Continente que tarda tanto em rejuvenescer, como a liberdade e dignidade pessoais, nasce do comportamento e da palavra de Cristo, diante da opressão que sofria." Acrescentou ainda que "o direito e a civilização evoluíram sobre bases indiscutivelmente evangélicas."
Não me passa pela cabeça duvidar da bondade das palavras do bispo do Porto. Mas, uma simples visita à história da Europa e à história do Cristianismo mostra que as coisas não são, porventura, exactamente assim.
Em primeiro lugar, esta afirmação parece ignorar o contributo absolutamente crucial de diversas civilizações, europeias e não europeias (hoje tratadas com sobranceria) para a génese do pensamento e das instituições ocidentais. Parece até esquecer a importância desse contributo para a construção do próprio pensamento evangélico. A luta pela garantia da liberdade e dignidade pessoais no espaço europeu foi até, quiçá, mantida contra a Igreja.
Depois apaga com ligeireza o comportamento, vergonhoso e cruel, que a Igreja Católica teve em determinados períodos da história. Aqui em Portugal, por exemplo, sabemos bem o que foi o contributo do "pensamento envangélico" em determinados momentos da nossa gesta heróica.
Galileu deve ter dado uma volta no túmulo...
2 comentários:
As religiões não se discutem. Combatem-se.
Mas continuam a ser "o ópio do povo"
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