2007/06/12

O tempo não nos chega

Regressado a casa estou a tentar entrar no quotidiano. Só para gerir a correspondência gasto imenso tempo. Uma das coisas que os novos processos de comunicação internéticos trouxeram, a par da facilitação dessa mesma comunicação, foi o muito mais tempo que se tem de despender. Só para mandar para o lixo metade dos e-mails, são horas. E eu, que passei anos em que quase não escrevia, agora escrevo todos os dias e não sei se sou mais feliz, porque fico sem tempo para outras coisas.
O sistema em que vivemos molda-nos mais que o que a gente pensa. Cria-nos necessidades a que depois sentimos a necessidade de responder. E àquelas estão sempre associados custos, de tempo mas também de dinheiro; para ter e-mail temos de ter computador, com os gadgets que a este vêm associados (impressora, scanner, ligação à net, etc., etc.), os anti-vírus, as actualizações...
A informação, fácil e em catadupas, que hoje temos, tornou ainda mais frenética a nossa vida; podemos, e queremos, estar a par de tudo, a qualquer hora. O dia está cada vez mais curto; o tempo não nos chega. E este não há ainda maneira de comprá-lo (a não ser vendendo a alma ao diabo, como Fausto ou Dorian Gray).

Sem comentários: