Anda para aí a correr um abaixo assinado contra a actuação da ASAE na área da comecialização de alimentos e restauração. O âmbito de actuação deste organismo, creio, estende-se muito para além disto, mas foram os "morfes" que motivaram os autores a pôr o dito abaixo assinado a circular.
Devo confessar que não assino porque não concordo com os pressupostos do texto. Como tenho pacientemente explicado a todos os estimados amigos e conhecidos que se apressaram a enviar-me o dito abaixo assinado, acho que, entre a ASAE e os contestatários, a uns lhes falta bom senso, e aos outros bom senso lhes falta... Ao leitor caberá decidir quem é quem nesta dicotomia.
Enquanto observo este intenso e arrebatador confronto vou subindo ao céu com um cozidinho da panela, preparado de forma rigorosamente tradicional como a foto ilustra (foto que foi tirada em local que por razões de bom senso não vou revelar...)
Participar num ritual destes é coisa que temos de merecer. A tradição começa nas próprias panelas que foram há muito convenientemente tratadas com toucinho. Este tratamento preliminar prepara-as para esta delicada e longa operação. Os ingredientes são, de cada vez, seleccionados pessoalmente pela cozinheira e provêm directamente do produtor. O prato é confeccionado com os ritmos, os vagares e os procedimentos que a regra tradicional dita. Usam-se brasas, nada de gás! A preparação, que dura cerca de seis horas, é levada a cabo por mãos experientes e carinhosas. A cozinheira aliás sorri serenamente --com um sorriso que nos permite perceber a razão primeira da excelência de tamanha iguaria-- quando lhe falamos nestas coisas de ASAEs, abaixo-assinados, etc e tal...
Azar dos membros da ASAE se, por fundamentalismo, nunca tiverem a oportunidade de se confrontar com um pitéu deste calibre. E azar dos "abaixo-assinantes" se alguma vez, por falta de uma ASAE por perto, lhes derem cozido com carne de gato por cozido com carne de lebre...
6 comentários:
Apesar da "tradição" já não ser o que era, penso que é bem melhor ter a ASAE por perto do que não tê-la. No mesmo ano, sofri duas intoxicações alimentares: uma em Lisboa, num "chinês" e outra em Sevilha, num "shoarma" árabe. De resto, as "culpas" atribuidas à ASAE, como bem explicou o seu director em recente programa televisivo, são infundadas. A ASAE (para quem não sabe) não aplica coimas. Limita-se a inspeccionar de acordo com determinadas exigências instituidas pelo governo que, por sua vez, obedece a Bruxelas. Das 6.000 inspecções feitas nos últimos dois anos, só 0,2% foram alvo de sanções. Dito de outro modo, a restauração portuguesa é, apesar de tudo, uma boa restauração em termos higiénicos e alimentares. Se isso também se deve à ASAE, tanto melhor.
Dito de outro modo: o mal não está em comer gato, está na forma de prepará-lo (provérbio chinês).
Eu não sou contra a ASAE e o meu escrito creio que deixa isso claro. Se há "serviço público" que não contesto é o que esta entidade presta. O problema está nos exageros e nas "standardizações" forçadas. O problema está no querer ser ser mais "papista que o Papa"... Dou por mim a pensar, quando visito certos países do "primeiro mundo", que não lhes ficaria mal em aprender com a competência da ASAE...
Tenho visto muita javardice por aí e consola-me que exista uma ASAE actuante e eficaz. Mas, também vejo um fundamentalismo legislativo completamente ridículo, que não é originado pela ASAE, mas que deverá condicionar a sua actuação. Um fundamentalismo que parece assentar no princípio "Todos iguais, todos iguais"...
Qualquer dia só podemos comer chouriço em frascos de vidro esterelizados, toucinho de porco, do cozido, com o veterinário ao lado ou à cabeceira da mesa.
Couves, cenouras, nabos e batatas, com a química ou o marido químico, para tentar descobrir sulfitos, sulfatos e quejandos.
Carnes certificadas pela entidade que VENDE o carimbo, para atestar que os tuberculosos animais, morreram serenamente.
Que os porcos, tomaram banho, apesar da peste suína não fazer mal aos humanos.
Que o frango, (longe do cozido - mas tu Margarida não chores que esta vida são dois dias), tem os pelos e penas bem tratados e se eventualmente tiver o H5N1, é porque não foi detectado.
Ninguém come lavagem, nem os porcos, segundo os dietistas.
Tomei conta dum restaurante, só para amigos, onde a ASAE nunca irá, onde cozinho a meu bel-prazer.
Umas paelllas, onde se misturam, carnes, legumes, mariscos, arroz, e crustáceos. Porcarias que nos elevam o colesterol.
Também há pézinhos de coentrada, lavados no bidé, onde ponho o bacalhau de molho, para o cozinhar com natas.
Há sempre um risco, um foto-finish, ou um fim, mas o início e o meio são os fulcros deles.
Já entrei num café com a família, pedi três cafés e quando me apercebi onde lavava a loiça, mandei-o beber ele os cafés. Tive que pegar numa cadeira para telefonar à GNR.
Mas nem tudo é mau e as tradições vão-se perder.
Alguém já pensou o que será acabar com o Sarrabulho em Ponte de Lima e não só.
Com o leitão da Bairrada ???
Com as migas e açordas dos nossos amigos papa-açordas.
Falo assim, porque o meu genro é alentejano e respeito todos.
Vamos ter que comer frango com penas, desde que bem lavadinho e temperado !!!
Não sei se poderemos beber café seco, torrado e moído por nós.
E os figos flor de mel, que são secos nas eiras, onde "pastam" as galinhas e cagam a torto e a direito sobre tudo e todos.
Nem nos recordem pecados que possam existir!
Azar ou ASAE?
A questão é pertinente mas as petições on-line são perfeitamente inuteis e não representam coisíssima nenhuma. Podem facilmente ser aldrabadas e ninguém confere a autenticidade dos dados. Para não falar que muitas vezes estamos a divulgar B.I. e e-mail, sabe-se lá a quem...
Não à petição on-line. E se fizessemos uma petição on-line contra a petição on-line?
Assinar uma petição contra as petições? Mmmmm ... não assino!
Mas "ai, as minhas ginginhas"...
:-)
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