Nada como a época natalícia para ir às compras. Animada pela aquisição do Tiepolo, a Ministra da Cultura lá decidiu adquirir a colecção de discos de Fado, que estava na posse do inglês Bruce Bastin há trinta anos. São oito mil discos no total, dos quais cinco mil da colecção particular de Bastin. Os restantes três mil foram posteriormente adquiridos no Brasil e juntos ao "pacote". Pelo total, e após sete anos de negociações (uma verdadeira "saga"), será paga a módica quantia de 1,1 milhão de euros. Não sabemos se o valor é real, mas os "experts" dizem-nos que estas coisas não têm preço...
Enquanto não conhecermos o espólio completo é difícil avaliar do seu valor. Temos de dar o benefício de dúvida aos compradores, enquanto a equipa de técnicos (por constituir) vai inventariar e catalogar o espólio que irá para um Museu da Música (por construir). Pode ser que no fim, cheguemos todos à conclusão que metade dos discos não têm o valor que se lhes atribui. Mas que importa isso? A colecção é "nossa" e daqui não sai...
A ironia desta história toda é que Bruce Bastin tinha comprado a colecção, a preços de saldo, numa loja do Chiado quando visitou Portugal nos anos setenta. Perguntar-se-á: mas que culpa tem ele disso? Nenhuma, digo eu.
2 comentários:
Vamos ver quanto tempo vai durar o período de "instalação" e quanto tempo vamos ter de esperar até poder começar a ouvir todas estas preciosidades. Esperemos que demore menos tempo que a "negociação".
A "negociação" só demorou todo este tempo, porque houve vários governos pelo meio e alguns "negociantes" quiseram tirar proveito do negócio. Uma história mal contada, com alguns lados obscuros. Resta a questão mais importante, que é saber se o espólio é tão valioso assim. Tenho as minhas dúvidas. Se houver 1000 discos interessantes, já não é mau. Mas, claro, para o Bruce Bastin só interessava vender por "atacado". Dessa forma pode justificar o milhão de euros que pediu pela colecção. Como diriam os ingleses: "not bad at all"...
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