2008/03/19

Hot Clube de Portugal

Nenhum músico, nenhum melómano, ninguém que esteja mergulhado, de uma forma ou de outra, no caldo da cultura poderá ignorar o jazz. E, nesta conformidade, ninguém poderá ignorar o Hot Clube de Portugal, o nosso local de culto, por excelência, deste estilo musical.
Ora, o Hot comemora hoje 60 anos de existência, imaginem só, e eu não queria deixar de assinalar a data aqui no Face.
Falar do Hot é, antes do mais, falar de Luís Villas-Boas, o seu fundador. Figura cimeira da divulgação da música de jazz em Portugal, foi também criador nos anos 60 do Luisiana, situado em Cascais --uma espécie de HCP II, entretanto desaparecido-- e já nos anos 70, do Festival de Jazz de Cascais, por onde passou uma parada inverosímil do who's who do jazz mundial.
O jazz é o sistema de improvisação estruturada mais elaborado que a música ocidental produziu, é uma arte de risco, uma arte sem rede. Não é a arte do registo, é a arte do instante em que é produzida. E o Hot tem tido um papel único em Portugal, ao longo destes anos, ao acolher todo os instantes de que é feita a arte da miríade de músicos, mais ou menos grandes, que por lá têm passado. Também por lá passaram alguns instantes fugazes da minha arte.
A par deste papel de divulgação o Hot abriu nos princípios dos anos 80 uma outra notável frente de acção ao criar a sua Escola. O impacte, certamente fulminante, da Escola do HCP na música portuguesa está por medir, mas estou certo que constituiria matéria de investigação musicológica do mais alto interesse. Alguém agarra o desafio?

11 comentários:

Rui Mota disse...

Como instituição é boa, como "espaço" é péssimo...

Carlos A. Augusto disse...

Et pourtant "un petit village résiste encore et toujours à l'envahisseur..."

Rui Mota disse...

Penso que já é tempo do Asterix pedir um subsídio para arranjar novas instalações. Talvez o novo Ministro da Cultura, que tem ar de modernaço, queira apoiar (aposto que gosta de artistas ECM).

Carlos A. Augusto disse...

Ouve lá: eu gosto de alguns artistas da ECM! Mas aviso já: não dou subsídios!!!!

A indecisa disse...

Tem mesmo muito pouco espaço!!! E de dificil acesso (carro)
http://www.bracodeprata.org/ tem jazz tb e muito espaço além de parque de estacionamento

Carlos A. Augusto disse...

São situações diferentes, projectos diferentes, tempos diferentes, em suma, realidades diferentes!
Por esse mundo fora há clubes de jazz tão ou mais pequenos que o Hot, que mantêm uma enorme vitalidade, em muitos casos vindos também das catacumbas dos tempos. Assisti a concertos que dificilmente esquecerei em NYC, por exemplo, em clubes do tamanho do Hot, ou mais pequenos, e as pessoas não se queixam. Vão. Desde quando tamanho de clube já é qualidade...?
E, quanto a estacionamento, de certeza _absoluta_ que é mais difícil parar o carro no meio da Village do que na Praça da Alegria. As bichas (agora dizem "filas" não é mêmú?) para entrar são constantes.
É que estamos a falar de música...

Rui Mota disse...

Gosto (da opinião) da indecisa.

A indecisa disse...

Do pouco espaço e de difícil acesso no hot Rui Mota? Isso acho que é um facto ( bem...não digo absoluto... pois eu relativo quase tudo, senão tudo mesmo). Ou da agradável existência da fabrica?

Rui Mota disse...

Ambas as duas, cara indecisa, ambas as duas...

A indecisa disse...

Também gosto da minha opinião ;). Ontem no mesmo espaço, assisti a um debate sobre Simone de Beauvoir, depois passei a uma outra sala, onde assisti a um concerto de "jazz" ( assim falava jazzatustra ),gosto do Julio Resende ao piano, com o convidado especial Pandelis Karayorgis, passei em seguida a outra sala onde assisti canções do novo cd do pecado original acompanhado por Michel (do sapateado), seguindo-se a Roda de Choro, por ultimo assisti o final do Quarteto Paula Sousa e assim passei uma sexta feira agradável e sem confusões

Rui Mota disse...

Ora aí está, uma pessoa eclética, a indecisa. Tenho de ir a Braço de Prata, é o que é...