Não sou fundamentalista da língua. A língua é um instrumento, sabe-se hoje muito bem, simultaneamente, de expressão e de formação do pensamento. O uso e o domínio da língua, de qualquer língua, não é um luxo. É vital para todos nós, como é vital o domínio do anzol para um pescador, ou da raquete para um tenista.
Mas, qualquer língua serve para isto.
Há dias o relatório de uma dessas comissões sobre a Língua Portuguesa dizia que o Português nunca poderá aspirar tornar-se uma língua da ciência ou do comércio. Temo que com acordos, mais ou menos mal amanhados, em torno da Língua Portuguesa, o uso e o domínio da língua sejam postos em causa. E temo que com esta atitude demissionária perante o papel do Português e com estas tentativas pífias de barbarização gratuita ou "crioulização" do Inglês --como é exemplo esta "reforma" caricata dos endereços electrónicos do MNE--, as novas gerações acabem por não usar nem dominar qualquer língua, a que devia ser sua ou a que é dos outros. Talvez no futuro os jovens portugueses grunham, simplesmente, para se exprimirem e se limitem a ter também pensamentos (mal) grunhidos...
Não tenhamos dúvidas: sem o domínio da língua, de uma qualquer língua, os jovens portugueses correm o risco de passar ao lado da vida e, muito provavelmente, até de si próprios. A visão é deliberadamente catastrofista, apenas para enfatizar o meu argumento.
Que diabo, levem isto (mesmo) a sério! Já que o Português não tem futuro, façam do Inglês a língua oficial dos PALOP! Mas, ao menos, criem condições para que o seu uso e o domínio sejam tão amplos quanto possível.
1 comentário:
Estes "gajos" são todos uns "parolos" e não há volta a dar-lhe. O Vasco da Graça Moura publicou um livrinho onde explica esta coisa do Acordo de forma lógica e explícita. Nunca estive tão de acordo com o personagem...
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