Ouvimos hoje Miguel Mendonça, o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, dizer que ia pressionar o Presidente da República no sentido de ser criada uma lei que lhe permita, a ele ou a quem o vier a substituir, suspender um deputado das suas funções.
Creio que este será mais uma daqueles casos --com que, volta não volta, a Madeira nos decide brindar-- que irá passar sem ser objecto de qualquer reacção por parte dos responsáveis deste país. No entanto, trata-se de uma declaração que me parece ser bastante grave. O Presidente da ALM admite que cometeu uma ilegalidade. O Presidente da ALM confessa que irá "pressionar" um orgão de soberania (que, por acaso, até nem tem poder de iniciativa nesta matéria). O Presidente da ALM pretende a criação de uma lei que lhe dê prerrogativas especiais. Mendonça acha que o seu cargo confere impunidade total para dizer o que lhe apetece. Mas, não reconhece ipso facto essa faculdade aos outros parceiros do jogo. Mendonça cometeu, ele sim, uma ilegalidade explícita, mas diz que dorme tranquilo e que vai pressionar...
Lê-se e não se acredita. Tudo isto se passa no ano de graça de 2008, debaixo mesmo dos nossos olhos e nas barbas do poder! Quem, de boa fé, poderia agora condenar o deputado José Manuel Coelho? Como irão reagir os poderes com capacidade para intervir neste caso a esta ilegalidade cometida pelo Presidente da ALM? Que "novo estilo" pode este tipo de actuação inaugurar?
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