2008/11/11

"Não" é não!

Aproximam-se as eleições europeias e os principais líderes europeus - Sarkozy e Barroso à cabeça - começam a mostrar-se impacientes. A menos de um ano da data prevista e na impossibilidade de aplicar as directrizes do "Tratado de Lisboa", devido ao "não" irlandês, veio agora o presidente francês sugerir uma solução para o impasse que não lembrava ao careca: a Irlanda deve alterar a sua Constituição, de forma a poder referendar o Tratado antes das eleições, única forma de poder pô-lo em prática em tempo útil.
Lê-se e não se acredita.
Alguém em consciência imagina o governo irlandês a claudicar perante a arrogância francesa e a exigir aos seus cidadãos que voltem às urnas e a votarem as vezes que forem precisas até obterem o almejado "sim"? Obviamente que não.
Nenhum povo do Mundo, educado na tradição democrática e em plena consciência dos seus actos, aceitaria tal humilhação.
É isso que esperamos que os irlandeses respondam a Sarkozy: "não" à alteração da sua Constituição que permita a alteração do resultado do referendo que disse "não" ao "Tratado de Lisboa".
O "Tratado de Lisboa" está morto e enterrado e é bom que o directório europeu perceba isso e respeite a opinião democrática dos seus membros, de acordo, aliás, com os próprios princípios consignados na Carta Europeia. É tempo dos cidadãos europeus recusarem o centralismo administrativo de Bruxelas, que impediu a maior parte dos países membros de referendar o Tratado. Não bastava já o "déficit democrático" português (que proibiu referendar o Tratado) e ainda tínhamos de aturar a ingerência francesa nos assuntos internos de um país democrático. Basta já!

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